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O passarinho e a gaiola

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As pessoas têm, na vida, algumas situações que as deixam tristes ou, pelo menos, as incomodam bastante. O que pode nada representar para uns, pode muito representar para outros. Das situações que me entristecem e me aborrecem, uma, em particular, se destaca: passarinho na gaiola. Quando vejo, me estraga o dia. Fico pensando que crime praticou? O que fez de errado? Foi condenado à prisão perpétua por qual motivo? Se a essência de um pássaro é voar, por que privá-lo disto?

Numa simples comparação, engaiolar um pássaro é o mesmo que prender um inocente por toda a vida, num espaço de poucos metros quadrados. É o mesmo que impossibilitá-lo de correr e ganhar o mundo. A prisão de um passarinho expõe o egoísmo e a covardia do ser humano. Desfralda a indiferença e o desprezo com o sofrimento alheio. Quem engaiola um passarinho, simplesmente amputa suas asas sem cortá-las. Tira-lhe a vida sem matá-lo.

Um passarinho jamais deveria ser preso. Mas quem age assim, costuma dizer que não pode soltá-lo, pois o mesmo acabaria morrendo por não saber se alimentar. Sou leigo no assunto sobre sobrevivência de pássaros libertos do cativeiro, mas fui pesquisar um pouco sobre o tema.

Na verdade, o que acontece é que o passarinho preso fica com a musculatura das asas atrofiadas. Portanto, em caso de soltura, possivelmente não teria forças para voar e seria presa fácil para outros animais. Para a readaptação ao mundo externo, necessitaria ser colocado em uma gaiola maior, para ir fortalecendo a musculatura das asas, até ficar em condições de ganhar a liberdade. Mas, por esse breve entendimento, já se tem ideia da crueldade que é prender um pássaro. Além do sofrimento do isolamento e da consequente solidão, perde as forças naquilo que é a sua essência, que é voar. É crueldade pura. O problema da soltura, portanto, não é o de não saber se alimentar e, sim, o de não ter forças para buscar o alimento.

Penso, inclusive, que seria melhor um passarinho ser solto e, se fosse o caso, morrer em liberdade, lutando pela sobrevivência, do que passar a vida inteira no sofrimento e na tortura de uma gaiola, tentando achar uma fresta para ganhar os céus. Se eu tivesse poder para tanto, tornaria crime a prisão de qualquer tipo de pássaro e proibiria a confecção de gaiolas.

Mas nessa história toda, o mais incrível é que o passarinho é penalizado justamente pelo que tem de mais belo: sua plumagem e seu canto. Suas qualidades o conduzem à prisão perpétua. Condenado pelo todo poderoso ser humano. Quem quiser ter um passarinho, é muito simples: plante uma árvore e ganhe um amigo de asas. Lugar de pássaro é junto da natureza, voando e cantando feliz em liberdade. Por sinal, quem mantém passarinho em cativeiro, por coerência, não pode falar em liberdade. Ou, pelo menos, não deve. Será mais um do "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço".

Tertúlia

No último final de semana foi realizada a 27ª Tertúlia Musical Nativista. Parabéns a todos os envolvidos na organização do festival, que, mesmo com a dificuldade da pandemia, foi realizado com qualidade e segurança. Parabéns aos músicos participantes, aos premiados e uma saudação especial à TV Diário, que de maneira inédita transmitiu todo o festival ao vivo. Desta forma, se manteve aceso e forte este evento que é tão importante para Santa Maria e para a cultura gaúcha.

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