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O pai ajuda o começo

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Estava sentada num banco de praça observando dois homens que conversavam e cuidavam os filhos brincando, quando uma menina vai correndo na direção de um deles, abre a mochila, tira de dentro um saquinho com frutas frescas e diz: "Pai, ajuda o começo".

O que ela queria é que ele abrisse a casca de uma bergamota, por ser difícil e confragosa para suas mãos frágeis e pequenas. Sorridente, ele "ajudou o começo", mas acabou descascando toda a fruta para ela. Depois, veio o irmão, pegou uma banana e fez o mesmo pedido. Cena idêntica se reprisou quando os dois filhos do outro homem se aproximaram.

Naquele momento, lembrei da minha infância e que isto acontecia com meu pai, que descascava bergamotas e laranjas para mim e meu irmão, mas, outras vezes, ia até a metade e nós mesmos tirávamos o restante da casca a partir daquela primeira abertura que ele havia feito.

Meu pai faleceu há anos, e há muito tempo não sou mais criança. Mesmo assim, sinto saudade de tê-lo ainda ao meu lado para, pelo menos, "ajudar no começo" de tantas cascas complicadas que tenho encontrado pela vida afora.

Hoje, adulta, minhas frutas são outras. Preciso "descascar" as dificuldades do trabalho, os obstáculos das relações interpessoais, os problemas familiares, o toque e retoque de sabedoria na arte de facilitar as ações dos alunos e colegas, ou então, no enfrentamento cada vez mais difícil de doenças, perdas, traumas, separações, mortes, mudanças, saudades, dificuldades financeiras e, até mesmo, nas interrogações que me invadem nas tomadas de decisões.

Em certas ocasiões, minhas pequenas frutas se transformam em uns enormes abacaxis que eu devo descascar sozinha se quiser saboreá-los.

Recordo-me, hoje, que a certeza de que meu pai me socorreria quando lhe pedia para "ajudar o começo" era o que me garantia que iria tirar a casca e comer a fruta.

O amor, o carinho e a atenção que vinham do meu pai fortaleceram minha espiritualidade e me ensinaram a recorrer ao Pai do Céu, que não vai morrer e sempre estará ao meu lado.

Meu pai da terra foi um homem de muita fé e prática religiosa, me ensinou que Deus, o Pai do Céu, é eterno e que seu amor é a certeza das nossas conquistas.

Hoje, na dificuldade, peço e acredito que ele não só "ajudará no começo", mas resolverá toda as questões que se apresentarem.

Não sei se você está passando por alguma dúvida ou por algum desafio nestes dias. Sei apenas que podemos nos ancorar no amor eterno de Deus, para pedir, sempre que a situação se apresentar: "Pai, ajuda o começo!".

Caro leitor, você tem ajudado seus filhos, netos, sobrinhos, e afilhados a descascarem suas bergamotas? Quando a vida lhe parece dura e difícil, como a casca de uma fruta para as mãos frágeis da criança, você também lembra-se de pedir a Deus: "Pai, ajuda o começo!" ?

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