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O La Casserole de sempre e as flores!

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Superando o tempo, retorno de repente a São Paulo do início dos anos 50. Caminho pelo Largo do Arouche com meu pai, carregando flores que compramos para minha mãe em uma barraca em frente ao La Casserole. Em seguida, novamente de repente, outro pulo pelo tempo e, no início dos anos 60, ao lado de Prado Veppo, ouvindo-o declamar os primeiros versos de um dos seus mais belos poemas: Largo do Arouche, praça do amor, amplo mercado, sexo e flor.

Já disse isto inúmeras vezes, mas me permitam repetir que a vida não apenas pode ser, a vida é maravilhosa.

Retorno ao passado lembrando que, aos domingos, no começo dos anos 50, mamãe, papai e eu almoçávamos em um restaurante francês na Rua Frederico Steidel, o La Popote. Depois, a partir de 1954, quando se abriu, nos instalamos para sempre no La Casserole! O tempo veio passando e permanecemos juntos. Agora também por conta da Academia Paulista de Letras, ao seu lado, onde encontro meus confrades, elas e eles, todas as quintas-feiras nos finais de tarde. Nesses últimos meses via Zoom, em razão da pandemia que estamos a suportar!

Desfruto do La Casserole sem parar. Comer bem, muito bem, reencontrar amigos e recuperar o passado. Estar novamente com Roger Henry e sua esposa - os dois o inauguraram em maio de 1954 - e com sua filha Marie, que hoje o dirige. Relembro momentos inesquecíveis, de verdade.

Um deles em 2006, almoço de sexta-feira com Eduardo Kugelmas - o Donda -, meu irmão de coração desde o início dos anos 50, irmão que se foi deste mundo em novembro de 2006. Nosso derradeiro encontro por aqui, mas estou certo de que no futuro estaremos juntos lá no Céu. 

Além dele, Paulo Bonfim, que também me espera. Lá me espera, nos espera, mas é como se estivesse ao nosso lado agora, aqui, superando o tempo. Como a dizer que não estou errado ao afirmar que o universo não existe, o que há em torno de nós é o multiverso.

Repito-me - vocês não param de dizer que me repito, hein! - mas me permitam, imploro, repetir o que há alguns meses escrevi em uma destas minhas charlas quinzenais. Relembrando Stephen Hawking, chego à janela e vejo uma pequena nuvem cobrindo a luz de uma estrela por uns instantes. Pergunto-me então se as nuvens pequeninas não seriam tanto ou mais do que o Todo. Uma coisa dentro da outra, repetitivamente, sem fim: eis o Todo...

Escrevi demasiadamente, aqui e por aí, a propósito do tempo e dou-me conta de que ele - um aspecto do Todo - não existe, mas existe. Daí que tenho certeza de que logo nos reencontraremos - de repente, multiplamente - o Donda e o Paulo na Academia, as flores e o Casserole à sua frente, para sempre!

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