O desequilíbrio

Odilo Pedro Marion


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O então ministro da Economia, Delfim Neto, fez uma palestra inesquecível, em 1973, proferida para empresários e estudantes, onde, dentre os estudantes, eu me encontrava na condição de pós-graduando da UFRGS. Naquela época, o Brasil crescia a uma taxa de mais de 10% ao ano, o então chamado "milagre econômico".

Durante a brilhante palestra, que encantou a todos, ele, no auge da fama, assim não se achava, pois durante a sua aula magna falou que nem sempre seria assim. Mas que, em algum momento, haveriam crises. Alertou-nos, com muita sabedoria, que após uma crise, a economia voltaria fortalecida. Lembro-me do seu exemplo: "Precisamos desestabilizar o que está andando bem, porém acomodado, pois em curto prazo, estarão amargando essa acomodação. Portanto, de vez em quando, temos que "desequilibrar", para que, com o "susto, a sua atividade, após a lição aprendida, voltará em um lugar sempre acima.

Ao lembrar dessa aula, me reporto ao nosso momento, pois sabemos o quanto estamos perdendo na economia, em razão dessa doença. Sabemos, também, que muitos não resistirão, porém, quem conseguir vencer esta pandemia, que também afeta como consequência a economia, voltará diferente e fortalecido, pois a lição aprendida mudará conceitos e atitudes. Então, voltaremos à atividade mais conscientes e proativos após essa lição.

Quem assim não agir, perdeu tempo, não incorporou o recado, continuará e, em curto prazo, liquidará os seus recursos e virá pedir auxílio governamental, sempre alegando o problema, jamais reconhecendo a sua incompetência.

Se sucumbirmos a esse momento "saúde", sem considerarmos os aspectos econômicos, em curto ou médio prazo, teremos mais CNPJs "mortos" do que CPFs. O pior é que os CPFs morrerão de fome por falta de CNPJs ativos, os que lhe dão emprego. Esses últimos, por sua vez, estarão se matando ou matando por desespero, e até buscando, através da marginalidade, manter o alimento para seus filhos.

A solidariedade é um elemento que tem de ser ativado, pois, através dela, é possível evitar o desespero, pela ajuda pessoal, financeira, alimentar e também psicológica. Nas empresas do Grupo Agrimec, mantivemos todos os colaboradores. Notamos, com isso, que os mesmos se mostram mais felizes e tranquilos. Felizes por continuarem trabalhando, e tranquilos, pois não houve demissões, tampouco há ameaças em um horizonte próximo.

Neste momento, não estou agindo como empresário e, sim, como cidadão, preocupado com a manutenção de centenas de empregos, pelo tempo que puder suportar. Apesar dos eventuais prejuízos, estes, no momento, estão em segundo plano.

Como sabemos, pelos relatos históricos, essas epidemias passarão, e temos certeza que os cidadãos voltarão, por certo tempo, a serem melhores. Pelo menos assim desejamos.

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