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Juntos e conscientes por um mundo melhor

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"Porque são as coisas que estão dentro de nós e em que ninguém repara quando nos olha. Temos uma paisagem muito grande que não se vê, a menos que nos debrucemos para dentro e mostremos aquilo de que nos lembramos. Nada é tão forte como as coisas que não se veem..." disse o escritor português Afonso Cruz na contracapa do livro O

Pintor debaixo do Lava-loiças (Grafia do autor). Nestes dias de distanciamento social, em que precisamos fazer companhia para nós mesmos, parece que a memória vai  trazendo à tona muita coisa guardada no baú das lembranças. Tempo de reviver muitas histórias. Tempo de nos conhecer melhor.

Momento único em que precisamos nos encarar no espelho, entender que não poderemos voltar ao normal porque o normal foi exatamente o que nos trouxe até aqui.

Acompanho as notícias, claro. Mas tentando ter um distanciamento também, vai ver que é pra não enlouquecer. Passo pelas redes sociais com um misto de tristeza e alegria e não raras vezes, fecho tudo e me recolho.

A tristeza é ver que o ódio ainda impera, que o momento grave não conseguiu unir as pessoas. Sou incapaz de desejar o sofrimento para aqueles que não votaram no meu candidato, não torcem para o meu time e não professam a minha crença. Me nego a fazer coro com tudo isso.

De outro lado, e prefiro seguir assim, vejo tanta solidariedade, tanto amor pelo próximo despertando a humanidade que ainda carregamos. Vejo doações de todas as formas, porque só podemos dar o que temos, quem tem amor à vida, sem rótulos, está ajudando a mudar a energia deste momento. Vejo psicólogos oferecendo apoio; professores em campanha de alimentos para as famílias de seus alunos; órgãos públicos unindo a população para acolher quem não tem casa e comida.

Médicos e cientistas buscando soluções; gente jovem se disponibilizando para ajudar os mais velhos. Muita gente não conhecia seus vizinhos de apartamento e agora estão lado a lado buscando formas de ajudar e colaborar com a vida.

E a arte? Ela sempre nos salva. Para alimentar a alma, para nos manter serenos. Das janelas físicas e virtuais. Do teatro, da música e da literatura. Cada um doando aquilo que tem de melhor, cada um contribuindo com seu talento.

Vai passar. Nestes poucos dias que estamos isolados (sim, permitam-me dizer "poucos dias", considerando os meninos da Tailândia e tantos outros casos que conhecemos), parece que o tempo passa devagar. Quase como a infância do escritor Manoel de Barros, quando fala "Nesse lugar o tempo era parado. Ou passava devagar que lesma."

Vamos acalmar, serenar, como o tempo.

Vai passar. Vamos voltar. Bem diferentes. Não espalha ódio, não coloca gasolina no fogo, ajuda, colabora. Por você, pela sua família, por todos nós.

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