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Fran, meu amigo

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Encontro, de repente, um texto que escrevi em janeiro de 2013 lembrando o Fran e, agora, ponho-me a relembrar.

Primeiro semestre de 1978. Eu chegara a Fortaleza na tarde anterior. Meu primeiro dia de aula no curso de mestrado da Faculdade de Direito da UFC, vindo de São Paulo. Durante três anos estive lá - uma semana por mês; semestre sim, semestre não -, como professor visitante.

Nessa primeira manhã, fui apresentado, no corredor que conduzia às salas de aula, aos professores Fran Martins e Paulo Bonavides. A eles fui apresentado como "o professor que vem da USP para ensinar no mestrado". Um jovem então, eu, aos 37 anos. Fran cumprimentou-me discretamente, sem arroubos.

Não o vi mais no correr daquela semana. No mês seguinte, o telefone do hotel no qual eu ficava tocou e ele foi direto ao assunto: "Eros, eu não sabia que você escreve, que você faz literatura. Vamos conversar, precisamos conversar literatura, amanhã ou depois, sem tardar". Desde aí, ficamos amigos. De repente, nesse instante.

Em uma carta de 2 de dezembro de 1982, acompanhando alguns exemplares do Jornal de Cultura número 10, no qual publicara um conto meu - "Meu bisavô" -, dizia-me, após prometer uma visita a Tiradentes: "No mais, a vida aqui continua na mesma. Estamos à sua espera para um bom papo e alguns whiskies. Até lá, com recomendações à senhora, um grande abraço".

Alguns anos depois - em 1989, talvez -, um meio de tarde em Paris, pleno verão, Tania e eu caminhando pelo Jardim de Luxemburgo e, de repente, lá vinha ele! Carregando consigo toda a família, filhos e netos. Alegria! Amigos que se encontram no Jardim de Luxemburgo são demais. 

Passado alguns meses, recebi de Fran um cartão postal, postado no Egito, tirando sarro de mim! Aqui tudo é lindo - dizia - com você eu encontro em São Paulo ou Fortaleza. Amigo com liberdade de rirmos sem cerimônia, desses que, embora a vida passe, ficam para sempre.

Fortaleza legou-me amigos. Wagnerzinho Barreira e Lúcio Alcântara - que me chamam de tio Eros e, minha mulher, de tia Tania. Na Prainha praticamos amizade com Cláudio, irmão de Fran, pai de Cláudia, aluna minha no mestrado na UFC.

Fran foi um meu protetor literário. Publicou também minha primeira práxis do fogo na revista Clã, número 28. E uma manhã na qual nos encontramos em São Paulo, ele membro de uma banca de concurso na minha Faculdade de Direito. Lá fui assistir sua arguição e ele, de repente, mencionou algum trecho do que escrevi, quase sem propósito, para dizer da nossa fraterna amizade! Amizade fraterna, para sempre.

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