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As instituições estão ruins? Sem elas o povo sofreria mais

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Com enorme apreensão leio nas redes sociais e ouço em eventuais rodas de conversa pessoas cada vez mais exaltadas e impetuosas, defendendo o fechamento de instituições essenciais ao equilíbrio de poder e à democracia. Facilmente confundem integrantes e ocupantes de cargos nos poderes e instituições do país com a própria existência de tais organismos, pilares essenciais às garantias da cidadania.

Seria como querer fechar a Igreja Católica porque alguns bispos e padres envolveram-se em práticas pedófilas. Ou extinguir uma organização militar pelo fato de que alguns oficiais utilizaram práticas desumanas no treinamento de seus recrutas com óbitos e danos à saúde. Ou acabar com o futebol porque houve corrupção por membros de algumas de suas organizações mais representativas.

Há uma crescente legião de insatisfeitos radicalizados tornando banal a defesa do fechamento do Congresso Nacional ou do Supremo Tribunal Federal, ou de ambos, como se isso não fosse jogar o país em caminhos incontroláveis de poder concentrado apenas em algum grupo de pessoas, sem limites e controle, na pior das ditaduras. O poder gera, em quem o exerce, fascínio e perigosa tendência ao abuso. É em favor do cidadão, de seus direitos e liberdade, que existem pesos e contrapesos, limites e regras nas relações de poder. Retirá-los seria fatal para todos.

Podemos não concordar e somos livres para criticar a conduta de atuais ocupantes de funções nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Diria até que criticá-los faz bem ao funcionamento democrático, a população precisa estar alerta, atenta e atuante sempre. Fechar um desses poderes significaria cassar a própria cidadania de cada brasileiro e de todos.
São tempos difíceis e não apenas por aqui. Pelo mundo todo. Até a mais vetusta das organizações políticas, a inglesa, vive dias de incerteza, compartilhando as vicissitudes que outras nações também enfrentam. No caso britânico, a Câmara dos Comuns não conseguiu, em sucessivas votações, resolver adequadamente a questão da saída do bloco europeu, nem convocou novo plebiscito a respeito, nem aprovou um dos vários planos e alternativas. Estamos agora a ver um exótico primeiro ministro e tanto a suprema corte de lá como o legislativo colocando limites aos seus ímpetos.

Por aqui teremos muitas razões para queixa em relação a comportamentos nas elites políticas e jurisdicionais.  Existem algumas condutas pessoais censuráveis. Responsabilizar, pelos meios institucionais existentes, membro de poder que tenha cometido falta grave é direito. Mas, obstruir o próprio poder, não! São as nossas instituições. Ruim com elas, muito pior sem elas. E em momentos bem graves elas terminam cumprindo seu papel, fazendo o necessário contrapeso e contribuindo para encontrar saídas ou para moderar eventuais ímpetos autoritários e excessos políticos e administrativos. Tem sido assim ao longo da história. E mesmo agora.

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