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Péricles Lamartine da Costa


Já afirmei outra vez, neste mesmo espaço, que penso não haver mérito na acomodação. É neste sentido que convido o leitor a uma reflexão franca, ainda que desconfortável para alguns, a respeito da postura do nosso município e seu futuro nada remoto.

A cidade de gênese militar, portanto o primeiro dos setores públicos a permear seu cotidiano, jamais se desprendeu da necessidade do dinheiro do povo, ou de governos, como queiram, não apenas para o seu desenvolvimento, mas até mesmo para sua sobrevivência.

Assim continuou se dando quando da sua fase ferroviária, culminando com o advento da Universidade Federal, que, desde cinco décadas atrás, em substituição de um ou outro dos gêneros antes citados, ou em acréscimo, foi a última grande guinada de trajetória que se estabeleceu aqui. Claro, não olvidei outros tantos serviços de ordem pública que cá se instalaram e remanescem, mas me restringirei aos ditos.

O movimento resumidamente mencionado fomentou o comércio e os serviços que, como antes disse, em meio século, ainda são nossas expressivas aptidões no regime privado. Merece especial destaque, também, os de saúde, notadamente dos maiores atrativos de pessoas e dinheiros externos.

E assim estamos: o dinheiro cai do Estado, escoa pelas lojas, mercados, profissionais liberais ou, em derradeira instância, se empoça em cadernetas de poupança.

Ocorre que tudo o que forjou nossa economia outrora pujante, ora somente estável, nos privilegiou enquanto éramos exclusivos detentores dos talentos ou benesses estatais quase que em monopólio.

Agora, mesmo que em menor, diminuta até, quantidade, nada mais é exclusividade de Santa Maria, tendo em vista que os municípios adjacentes também educam, pois têm universidades, curam, pois têm médicos e hospitais e, servem de modo geral, pois possuem profissionais de toda a ordem e natureza.

Trata-se, pois, de sintoma do tão propalado e promovido desenvolvimento regional com o qual tanto sonhamos e em função do qual nós necessitamos de movimento.

É importante notar que para além do asseverado neste simplório e insignificante ensaio, se alvorota um governo federal disposto a tudo para reduzir os gastos com o funcionalismo, extinguindo justamente privilégios intoleráveis, é verdade, mas também reduzindo salários a patamares igualmente inaceitáveis.

Por tudo isso, me parece oportuna a alteração de perspectiva e traçado de futuro, libertando as gerações futuras das mesadas salariais que minguarão inevitavelmente.

Digo mais: o turismo, quimera da economia mundial, está se oferecendo para a cidade por seu forte braço noturno eivado de restaurantes, bares, tudo em consonância com os teatros, cinemas e eventos que, de verdade, tendem a ser (como já são em outros lugares do Estad, de gente rápida e intrépida) a tábua de salvação pelo emprego e renda dignos.

Todos os munícipios adjacentes, em uma ou outra atividade, oferecem o que temos. Mas não igualam em repertório ou qualidade os nossos atrativos noturnos que já empregam muita gente, movimentando milhares de reais.

O sol do futuro da Boca do Monte, quem sabe, pode estar brilhando à noite.


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