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Engolindo sapos na quarentena

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Uma das figuras mais pitorescas que o centro de Santa Maria conheceu foi o "Engole-Sapo". Vivia rigorosamente vestido de terno e gravata e com uma imensa corneta de lata nas mãos, precursora certamente dos modernos megafones. Usava também elegante chapéu marrom, eu bem me lembro.

Ele era propagandista de lojas, farmácias, circos, bailes - enfim -, anunciava qualquer tipo de coisa. Usando a corneta de latão, ele berrava nas esquinas com voz potente, o que lhe valeu um papo no pescoço. Em ocasiões especiais, principalmente nas dependências do Café Cristal, na Primeira Quadra (hoje, Calçadão Salvador Isaia), ele tirava um sapo de um vidro e diante do estupor da plateia, ele engolia o batráquio. Minutos depois ele regurgitava o mesmo, sendo aplaudido com delírio. Com o dinheiro conseguido pelo trabalho que fazia, conseguiu sustentar uma filha, que se formou professora nessa valorosa Santa Maria da Boca do Monte.

Vivo fosse hoje, o "Engole-Sapo" certamente faria furor como conferencista no atual momento pelo qual passa a humanidade. Em particular, os brasileiros. Certamente ele teria preciosas lições a ensinar de como engolir sapos depois de escutar noticiário de televisão, por exemplo.

Mas troquemos para assuntos mais leves...Mega-Sena, por exemplo!

Todo dia que tem sorteio da Mega-Sena, eu jogo alguns cartões e um ou dois bolões, por bondade da Tatiane, da Lotérica da Galeria Roth, que me traz os jogos a domicílio, já que estou há quase três meses sem sair de casa.  Estou tentando ganhar para provar uma verdade a respeito da nossa "sincera" sociedade de consumo.

Se eu fosse vencedor e ganhasse toda bolada sozinho, o pessoal que me critica e me chama de "gordo louco" imediatamente passaria a me chamar de fofinho simpático. Ou obeso excêntrico. Ou diriam que nunca tinham reparado na minha simpatia contagiante. Por aí...

Logo ressurgiriam das cinzas, parentes distantes que nunca falaram comigo. Conhecidos que nunca responderam minhas mensagens de Facebook. Gente que nunca vi escrevendo cartas melosas pedindo ajuda financeira.

E como tudo é possível, alguma cinquentona com um filho maior de idade, a tiracolo, exigindo um DNA.

Seria a consagração da hipocrisia!

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