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Empatia e senso coletivo

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"Poderia haver maior milagre do que olharmos com os olhos do outro por um instante?" A autoria deste questionamento intrigante e necessário é de Thoreau. Se colocar no lugar do outro, compreender seus sentimentos e perspectivas para guiar nossas ações sob estes entendimentos, é empatia.

Tenho para mim que se refletir e se espelhar no outro assegura o sucesso e a durabilidade das relações. Não considero uma tarefa fácil. Considero um propósito de vida. O pai se ver espelhado no filho. O patrão se refletir no colaborador. O professor no aluno. O inverso também é verdadeiro e essencial. Um se colocando no lugar do outro. A empatia é uma competência para ser exercitada e exercida permanente, constante e diariamente.

A prática de se colocar no lugar do outro precisa ser natural, inclusive nas pequenas atitudes - respeitar os espaços destinados aos idosos, grávidas e pessoas com dificuldades motoras, por exemplo. Empatia independe de lei, é uma atitude pessoal. A falta de empatia gera egoísmo, prioridade do self; indiferença; preconceito; ausência de humildade e de compaixão; falta de filtro (diz o que pensa); incompreensão (ouve e entende o que quer); dificuldade e fragilidade para a construção de relações; prioridades e interesses pessoais à frente dos coletivos, além de incapacidade colaborativa.

O momento pandêmico apresenta inúmeros exemplos de ausência de empatia e senso coletivo. Atitudes egoístas e indiferentes têm gerado pressão sobre o sistema de distanciamento controlado, proposto pelo governo do Rio Grande do Sul, que a cada dia se vê mais pressionado e fragilizado pelos interesses corporativos, distantes de uma visão coletiva e do todo. O próprio avanço da transmissão da doença e a falta de colaboração da comunidade em atender as recomendações de distanciamento revelam a incapacidade de visão coletiva e de senso colaborativo.

As justificativas de cansaço causado pelo isolamento revelam egoísmo e dificuldade de agir em prol da coletividade. O exemplo, claramente, mostra que o conforto momentâneo promovido por sair às ruas da cidade e encher os parques nos finais de semana, em especial em dias mais quentes, muitas vezes sem o uso de máscaras, é mais importante do que os cuidados com o todo.

Jamais venceremos esta pandemia sem empatia e sem solidariedade. A vida em sociedade requer o entendimento que o "eu" não existe sem o "nós" e que ela não sobrevive sem cuidados mútuos. É essencial resgatar o conceito de vida em comunidade, a importância do outro e, retornar ao significado do "amor ao próximo" para a construção de uma sociedade que trilhe lado a lado, de mãos dadas, disposta a abrir mão dos pequenos interesses em prol do bem da coletividade. Refletir e agir com empatia é importante, não somente para o enfrentamento e compreensão do momento atual, mas para reavaliarmos nossa postura ante à vida e à comunidade em que vivemos.


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