opinião

Cume



Das consequências havidas de todo o fato ou circunstância, sempre se denotarão aquelas que podemos qualificar como maléficas e as que devemos buscar e designar como benéficas. Não vai aqui qualquer novidade capaz de alterar atávicas concepções de vida, mas rememoração de uma máxima necessária, por verdadeira.

Com efeito, como dito e repetido nas ruas, tudo na vida tem seu lado bom e seu lado ruim, dependendo da perspectiva de interpretação do que acontece.

Eu, da minha janela, tenho notado, sem esforço, que principiamos um processo de tomada de protagonismo no tempo e do modo certo, tal qual a Constituição Federal nos reserva desde 1988, quando afirmou emanar todo o poder do povo e em seu nome ser exercido.

O brasileiro, a brasileira, parece começar a perceber os joules que detém e a ver que o emprego coletivo da força legal, agora se tornando fática, pode produzir resultados mais velozes que aqueles aos quais estava acostumado.

O movimento se deve à indignação acumulada e à tolerância exaurida de uma população sobre a qual tudo pode ser dito, menos que não teve paciência.

Incide, também, a projeção das vozes e das ideias pelas redes sociais que, assim como derrubaram tiranos no oriente, pressionam os agentes públicos que outrora eram autoridades intocáveis.

A crise moral e ética sem precedentes, que é incômoda, é verdade, vem ensinando ao brasileiro que a responsabilidade, elemento intrínseco do poder, é sua em primeira mão.

Assim, o cidadão não se posta mais com subserviência diante do parlamentar ou governante que, sabe ele agora, o é por sua concessão. Tampouco teme o magistrado afamado e diz, bradando, que não aceita calado conivência nem mesmo de ministro do Supremo Tribunal Federal. Gilmar Mendes em razão do que, considero eu, foram excessos populares, é prova cabal de que nem na Europa quem desagrada ao povo está imune às manifestações de insurgência.

O Judiciário, aliás, vem sendo pródigo na efetivação do que a Carta Magna determinou através do ativismo judicial, que em verdade redunda em fazer valer o que lá foi escrito, assim entendido o direito do cidadão e absoluto dever do Estado, a educação, a saúde, a segurança. Inúmeras decisões judicias daqui e dali forçam o ente público a atender a população.

As tendências internacionais de funcionamento e condução dos Estados cada vez mais caminham em direção à governança pela participação direta dos cidadãos, não suprimindo a democracia representativa, mas a aprimorando.

O que passamos, e passaremos, ainda que com suas nuances nefastas, é episódio de um processo de amadurecimento que só tem a sedimentar na nação a ciência de que ocupa o topo da escala política do país.

Exemplos vêm de cima, como sabemos, e isso não se alterou. Logo, nós, que mandamos (não eles), é quem devemos dar as primeiras demonstrações inspiradoras de moralidade.

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