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Cansaço e desesperança

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Estou cansado e não queria me sentir assim. Cansaço, quando anímico, gera desesperança e desesperança, na minha idade, pode ser o princípio do fim. E tenho certeza de que há muita estrada ou vereadas, vá lá que sejam, que ainda preciso percorrer e alguns mistérios da alma alheia que ainda preciso e quero desvendar.

De resto, sinto-me fisicamente bem (assim, já esclareço, se dúvida restou, meu cansaço não é dessa ordem) e com a cabeça em pleno funcionamento. Portanto, acelerar o processo do fim seria um desserviço à minha própria história, além de clara tentativa de fraudar o futuro que espero ter.

E, perdoem-me a falta de modéstia, seria um desperdício de massa encefálica de "boa qualidade" (artigo que parece não tão comum assim nos dias que correm) que ainda pode contribuir, aqui e ali, tanto no campo profissional quanto socialmente. Na última hipótese, propondo, como tento propor neste espaço, temas para reflexão dos amigos leitores e dando meus pitacos, em outros veículos de comunicação aos quais tenho acesso, sobre a cidade e o mundo, sobre e vida que se tem e a a vida que se gostaria de ter.

Na real, estou cansado da mediocridade de líderes que lideram rebanhos medíocres, da estupidez de uns tantos que vemos por aí se pavoneando sobre chão que não se sustenta porque feito de chagas sociais que parecem incuráveis por omissão deles próprios. Estou cansado do vezo autoritário de quem deveria ser aberto ao diálogo para ajudar a construir a paz social, que há de ser o desiderato de tantos quantos tenham responsabilidade de gestão nas coisas do país. Estou cansado do egoísmo de quem deveria dar exemplo de solidariedade.

Estou cansado de quem, tendo possibilidade de revolver o solo para uma semeadura que, adiante, se transforme em colheita que beneficie o conjunto da sociedade, trata primeiro de preservar a própria horta doméstica, como se esta fosse mais importante que a seara capaz de alimentar a todos.

Estou cansado de tentarem me emburecer e me embrutecer. Estou cansado dos que, toscos, grosseiros, atrabiliários, não se curvam aos mais básicos princípios de civilidade e, toda hora, fustigam o bom-senso, agridem elementares valores da educação que qualquer caboclo simplório dos grotões do país é capaz de respeitar. Estou cansado de quem acha que a violência é o caminho, que a agressão, inclusive a consubstanciada no destempero verbal, é a resposta à contrariedade das ideias. Estou cansado de quem não tem argumentos e se repete na mesmice de bater sempre e sempre na mesma gasta e desafinada tecla. Estou cansado das ladainhas agressivas.

Definitivamente, não quero me submeter à ofensa gratuita, à generalização das ideais gastas e destituídas de conteúdo nem à irreflexão de quem age por instintos, às vezes os mais primevos. Quero preservar o que me resta do futuro, menos por mim, que isso, de alguma forma, seria egoísmo, e mais pelo ainda posso transmitir a quem me queira ouvir sobre as experiência acumuladas. Por isso, xô cansaço, xô desesperança!

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