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Big Brother


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Não assisto o BBB, mas o acompanho indiretamente, pois o que acontece na "casa" é notícia em todas as mídias com junto aos assuntos de relevância social. Assim, termino tomando conhecimento das repercussões do comportamento dos confinados.

Apesar de críticas contundentes de parcela de telespectadores que esconjura o reality show, a audiência é altíssima, o patrocínio é caro e tudo que acontece espontaneamente ou por deliberação da direção artística repercute estrondosamente. Confesso, já assisti, em anos anteriores, ao programa, mas ultimamente não mais, mas não critico quem assiste. Afinal, gosto é gosto.

O BBB é a metáfora moderna das lutas de gladiadores na antiga Roma, onde o povo delirava ante a brutalidade, que sempre terminava em morte. Os Brothers são os gladiadores modernos, lutam, disputam, se agridem, mas com a vantagem de que ninguém morre.

É um programa de entretenimento. Não é melhor nem pior do que a média daquilo disponível na TV aberta ou por assinatura.

Digo isto e faço um paralelo entre o Big Brother (o programa) e o livro 1984 de Orson Orwell, que, em meados do século passado, criou o Grande Irmão, numa alegoria a Stalin, capaz de espiar sozinho (ou através de uma "nomenclatura" de confiança) todos os seus súditos, em todos os lugares, em tempo integral. O Big Brother da literatura mostra pouquíssimos espiando todos. O BBB mostra muitos espionando poucos.

Apesar da preocupação com privacidade de dados, enquanto muitos estão espiando os confinados na casa, eles próprios, os que estão espiando, e também aqueles que jamais espiam, estamos todos sendo espionados. Estamos sob vigilância constante. O verdadeiro Big Brother nos tirou toda privacidade, está de olhos e ouvidos atentos a tudo que fazemos ou deixamos de fazer. Há grupos de poder nos espionando, quando entramos num determinado site, quando consultamos preços e produtos na web, quando pagamos uma conta com cartão, quando damos baixa num hospital, quando andamos na rua, nas lojas, nos bancos e até mesmo no elevador somos convidados a sorrir porque estamos sendo filmados.

Nos extraem informações sem que percebamos ou, se percebemos, terminamos sendo complacentes. Através destas informações já é possível saber sobre cada um de nós mais do que nós mesmos sabemos.

Por isso, recebemos propostas de compra daquilo que, por mera curiosidade, consultamos o preço, passamos a receber informações sobre coisas que gostamos e sendo seduzidos por propostas irrecusáveis, porque quem as propõe sabe o que intimamente desejamos.

Tomar consciência de que, enquanto alguns ficam fixados nas venturas e desventuras dos Brothers na TV e outros esbravejando contra o programa, todos nós estamos sendo vistos, examinados, influenciados por grupos de poder. Somos os Brothers, que ao contrário dos da TV, que são voluntários e estão lá para ganhar dinheiro, estamos compulsoriamente participando de um jogo em que só a banca ganha.

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