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As entrevistas no futebol

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O futebol, como todos sabem, é o esporte da preferência dos brasileiros. Depois de uma longa e necessária parada, em virtude da pandemia, retornou a todo o vapor, com uma overdose de jogos e competições. E, além das emoções normais de dentro do campo, o futebol traz consigo as tradicionais entrevistas dos artistas da bola, que, com seus clichês, formam uma atração a mais.

Quando um jogador é contratado, por exemplo, ele costuma dizer na coletiva de apresentação: "Eu vim para somar". Perfeito. Ninguém chega para subtrair. Outro clichê muito utilizado: "Venho para conquistar títulos e dar alegrias a essa torcida maravilhosa". E no final, na hora das fotos, o jogador coloca a camiseta do novo clube e beija apaixonado o distintivo. Portanto, amor à primeira vista.

Se o time não vence uma determinada partida, a resposta recorrente é, mais ou menos, assim: "Só faltou o gol. Dominamos o jogo, criamos as oportunidades, mas hoje a bola não quis entrar". Conclui-se, então, que a bola é a responsável pela não obtenção da vitória. Mas, em caso de vitória, também existe o responsável: "Graças a Deus, conquistamos o resultado positivo".

As entrevistas do pré-jogo também são bordadas de clichês. Sobre o confronto vindouro, os jogadores geralmente dizem: "Sabemos das dificuldades da partida, mas estamos preparados e vamos em busca dos 3 pontos". A utilização do "sabemos das dificuldades" é quase como um pontapé inicial no começo das explicações. Sem ele, parece que a resposta perde a graça. Tem, também, a tradicional: "Futebol é 11 contra 11". Mas e se alguém for expulso?

Nos momentos de crise, os clichês são incansáveis. As justificativas vêm nesse formato: "Vamos seguir trabalhando que os resultados vão aparecer". Há outra frase salvadora: "O grupo está fechado". Isto quer dizer, para o bom entendedor, que o vestiário, possivelmente, esteja com problemas. E quando o técnico está balançando, quase caindo, a clássica resposta dos dirigentes: "O treinador está prestigiado". Isto quer dizer, na verdade, que se o time não vencer a próxima partida, haverá grande chance de ele ser conduzido ao financeiro para acertar as contas.

Tem um caso específico que é muito curioso. É o do Ronaldinho Gaúcho. Sem dúvida, um gênio da bola e um dos maiores craques da história do futebol mundial. Como é sabido, seu irmão Assis administra a sua carreira. Com isso, Ronaldinho foi treinado para iniciar a resposta de qualquer pergunta, sobre qualquer assunto, com as seguintes palavras: "Eu tô muito feliz". Utilizou sempre esse artifício com a mesma facilidade com que driblou os seus adversários. Acredito que, mantendo a coerência, agora que está livre da detenção em que se encontrava no Paraguai, sairá respondendo que estava muito feliz por lá.

Mas tem vezes que os entrevistados se atrapalham nos clichês. Certa feita, o jogador Mateus, do Caxias, ao ser questionado sobre o erro em uma cobrança decisiva de pênalti, saiu-se com a seguinte pérola: "Só bate quem erra". Óbvio que inverteu a frase. Mas ficou engraçado. Muito engraçado, por sinal.

Os clichês estão definitivamente enraizados na cultura do futebol. Fazem parte do dia a dia e se tornaram mais uma das tantas atrações advindas dele. Quem gosta do esporte, por certo gosta de acompanhar as entrevistas. E, convenhamos, elas formam um capítulo à parte no palco desse espetáculo chamado futebol.

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