Já estamos no décimos dia de um ano novo. Todo o início de ano traz esperança e expectativa de mudança sempre para melhor. Lembro que, na virada para 2021, todos estávamos esperançosos de que o ano novo seria diferente. Calculávamos que, no máximo até agosto, estaria superada a crise da Covid: todos vacinados e o vírus afastado. O Brasil finalmente retornaria o seu ritmo normal, social e econômico.
Passaram-se os meses e continuamos com medo. O vírus entre nós continua, apesar de a vacina ter freado o número de mortos e internados, ainda que alguns negacionistas jurarem que isso nunca existiu. Dizem: ou é uma estatística inventada pela mídia ou manipulação dos números para municípios e estados receberem mais recursos da união. Verdade ou mentira, o fato é que muitas pessoas morreram e estão morrendo, agora em número bem menor.
Entretanto, apesar de todos os que negam essas evidências, estamos nos encaminhando para uma solução. Ainda está distante e desconhecido o futuro, mas parece que estamos no rumo certo para evitar o pior. Nesses dois últimos anos, ficamos concentrados nessa crise sanitária. Nossa preocupação maior foi a doença até então desconhecida. Não se falou em outra coisa: a mídia se ocupou de falar nisso 24 horas por dia. Desapareceram outros fatos que mereciam ser noticiados. Mas esse tempo acabou ou parece que acabou. Vamos viver o alvorecer de um novo tempo, livres da peste. Vamos pensar e fazer diferente a partir desse novo ano.
O ano de 2022, afastada a crise sanitária, promete ser melhor, apesar da grande crise hídrica que se prolonga em nosso Estado com excesso de chuvas no centro do país. Isso também vai passar. Tenhamos fé e esperança que é uma crise transitória. Preparemo-nos para tempos melhores. Teremos a possibilidade de, no curso desse ano, escolhermos nossos governantes e legisladores estaduais e federais. E isso é da maior importância para a sociedade brasileira. Faz parte de um ciclo que, a cada quatro anos, possamos escolher, livremente, sem que ninguém faça por nós ou nos induza a algo.
Apesar dos defeitos que ainda persistem na nossa forma de fazer política, como o alarmante clientelismo, compra de votos, fake news, fundo eleitoral, conchavos, centrão, trocas de partidos, falta de programa partidário, profissionalismo e meio de vida na política, etc. Ainda que com todos esses defeitos, não nos tiraram, por enquanto, a liberdade de escolha daqueles que desejamos sejam os nossos mais lídimos representantes.
Na eleição, na urna eletrônica, indevassável e, sigilosamente, haverá o encontro do nosso desejo com a nossa consciência para definir, soberanamente, quem deve nos representar e definir os parâmetros que a maioria deseja para o país. Definir se devem continuar no poder político pessoas que já transitam há mais de trinta anos no centro das decisões, ou se deve oxigenar com a eleição de pessoas e propostas novas.
Vamos experimentar. Se continuar ruim, teremos a chance de, em mais quatro anos, alternar novamente até que tenhamos um poder mais próximo do desejo da sociedade. O ciclo político, na democracia, tem essa vantagem inarredável. Erramos na escolha, temos quatro anos para conviver com esse erro e corrigi-lo mudando os governantes.
Acertamos, sem necessidade de correção, continuamos com os mesmos até que não atendam mais aos anseios da sociedade, titular do direito de escolha e indelegável detentora do poder legítimo e originário. Assim se faz a democracia, sem mentiras, sem ataques, sem ofensas. E mais. Sem imaginar que só se pode votar em pessoas que alguém repute corretas, certas e querem definir quais sejam os indicados candidatos que deverão ser eleitos. Se não estão entre estes são taxados de "idiotas" e outros adjetivos menos qualificados.
Isso não é democracia, onde deve prevalecer a liberdade de escolha e o respeito ao que escolhe e ao escolhido. Não façamos como Pelé que certa vez disse que o brasileiro não sabe votar. Sabe votar sim e é a ele, brasileiro, que cabe exclusivamente proceder a escolha. Satisfaça ou não aos contrariados. Isso é democracia.
Temos que acabar com a ideia de que o brasileiro precisa ser tutelado; só a eles, brasileiros e eleitores, cabe a legitimidade para decidir, e a escolha sempre é a melhor para o momento da eleição.
Façamos a escolha livremente e por quem nos pareça mais sincero e capaz de encontrar melhores alternativas para o povo em geral, porque é isso que interessa. Que faça o governo para todos e não apenas para grupos ou pessoas em particular. Não é para isso que são eleitos governantes. Não em democracia. Em outros sistemas é possível. Não em sistemas que o poder emana do povo e em nome dele deve ser exercido, embora esse sistema não agrade a alguns que imaginam que sejam os tutores da vontade popular.