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A Olympia de Manet

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Verdade, é como se eu estivesse sempre ao lado dela, a Olympia de Manet! Aqui mesmo, na edição de 29 e 30 de junho passado, escrevi a seu respeito e de outro apaixonado por ela, Gauguin. Em três livros meus - Paris, quartier Saint-Germain-des- -Près, Teu nome será sempre Alice e A(s) mulher(es) que eu amo - ela aparece, reiteradamente.

Nosso primeiro encontro deu-se em janeiro de 1964 - não lembro bem o dia - no Jeu de Paume, em uma ponta do Jardim das Tulherias. Depois no Museu d'Orsay, onde a encontro, reiteradamente, desde o final dos anos 1980. Olhamo-nos demoradamente, sempre, e uma vez ou outra - dou minha palavra, é assim - ela como que pisca um olho para mim!

Agora, segunda metade de outubro de 2019, tenho em minhas mãos um texto escrito por Vincent Brocvielle que me encanta. Um capítulo do Pourquoi c'est connu no qual ele pergunta a si mesmo quem terá sido ela. A rival de Marguerite Gautier na Dama das camélias, de Dumas, ou aquela cortesã no Homem de areia de Hoffmann?

Exposta a primeira vez em 1865, em Paris, a tela de Manet suscitou críticas e controvérsias ao ponto de os exasperados tentarem agredi- -la com seus guarda-chuvas. Vinte e quatro anos depois, no entanto - após a partida de Manet para o céu, em 1883 - em 1889, a tela foi novamente exposta, então na Exposition Universelle que durou de 6 de maio a 31 de outubro daquele ano. Há de ter sido formidável. Além de tudo porque a Torre Eiffel, porta de entrada da exposição, fora construída especialmente para essa ocasião, celebrando-se, então, além do mais, o centenário da Revolução Francesa.

O que mais chama minha atenção no texto de Vincent Brocvielle é o que ele relata a respeito do que fez Claude Monet então. Um colecionador norte-americano manifestou efetivo interesse em adquirir a Olympia e Monet, para impedir que ela se fosse da França, lançou uma subscrição pública para compra-la, doando-a ao patrimônio público francês. E assim foi, por conta disso ela lá estando, no Museu d'Orsay, onde de quando em quando nos vemos.

Monet foi também notável, dele tendo eu maravilhosas histórias a lembrar. Especialmente nesses últimos dias, nos quais andei a ler um belo livro que conta da sua amizade com Georges Clemenceau. O que neste momento mais ainda me encanta, contudo, é ir a uma das minhas estantes e tomar nas mãos outro livro maravilhoso, Viagem ao Rio: cartas da juventude, 1848-1849. Edição da José Olympio, 2008, tradução de Jean Marcel Carvalho França.

Sabem quem o escreveu? Edouard Manet! O jovem que esteve de passagem pelo Rio de Janeiro, de navio, e poucos, muito poucos de vocês que leem esta minha charla, sabem disso! É incrível, mas cá estamos agora - Manet, Monet, Brocvielle e eu -, todos juntos reunidos!

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