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A importância do voto

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Sei que muitos podem até contestar e dizer que as eleições nos Estados Unidos ainda não encerraram e que a vitória de Biden não está confirmada. Alguns estados estão recontando os votos e Trump já declarou que exercerá o direito, que é legítimo, de contestar a apuração e de se socorrer da Suprema Corte em face da alegação de fraude. Contudo, vamos imaginar que o resultado divulgado, no último sábado, seja definitivo. Você já parou para pensar qual o motivo de tantas pessoas terem votado na última eleição, que foi considerada a maior da história do país, mesmo o voto não sendo obrigatório? Qual a causa de um presidente que está à frente da máquina pública, em tese, com maiores facilidades em relação a seu concorrente, não conseguir se reeleger?

Alguns estudiosos da política americana dizem que o declínio político de Trump não foi causada, como muitos acham, pelo Corona vírus, mas "por uma situação pré-existente e familiar de deficiências de caráter e liderança presentes no primeiro presidente de reality show dos Estados Unidos." Inclusive, seus apoiadores, dentre eles Andrew C. McCarthy, pesquisador sênior do National Review Institute, dizem que o resultado é difícil de engolir, mas não era difícil de prever, pois, o presidente nunca foi capaz de deixar de pensar só em si.

Muito antes da pandemia, a maioria dos norte-americanos estavam cansados da atuação de Trump, em decorrência de twitters intermináveis, com birras e batalhas mesquinhas em que adorava se envolver e a chocante inexistência de empatia pelos outros, enquanto o caos reinava ao seu redor. O bom desempenho econômico do país não foi capaz de se sobrepor à aparente falta de seriedade; ao flagrante desprezo do presidente pelas regras, normas, leis e instituições básicas da democracia. Independentemente do desenlace das eleições americanas, a forma de agir do presidente americano foi, sem dúvidas, o fator decisivo para o resultado das urnas.

O problema de alguns políticos é que, quando eleitos, esquecem que foram conduzidos ao cargo, por meio do voto popular e que, ao assumirem a função pública, passam a ser representantes de todos, mesmo daqueles que não votaram a seu favor. Esquecem o que é democracia e que ela se constitui com a pluralidade de ideias. Afastam-se dos que têm opiniões contrárias, convivendo apenas com quem concorda com os seus pontos de vista. Esquecem que o mandato é temporário e que pode ser abreviado se suas ações não estiverem alinhadas com a sociedade que representam. É certo que, em uma democracia, nenhum gestor se sustenta, por muito tempo, sendo autoritário e prepotente.

Aliás, ninguém quer ter um relacionamento com quem se acha o dono da verdade, é egocêntrico, não sabe conviver com ideias contrárias, que trata o próximo com ironia e desprezo. Queremos distância de pessoas arrogantes e intransigentes, que não respeitam as diferenças e a liberdade de expressão. Buscamos conviver com quem sabe dialogar, mediar e agregar. Se essa é a nossa escolha na vida privada, com certeza, serão essas as características que buscaremos em nossos líderes.

No próximo domingo, estaremos, literalmente, com a caneta na mão para a escolha de nossos representantes no legislativo e no executivo. Portanto, não podemos perder a oportunidade de expressar a nossa vontade, porque o voto, muito mais do que uma obrigação, é um direito conquistado. Então, vamos exercê-lo com consciência e responsabilidade, escolhendo representantes respeitosos e que consigam unir a população em favor de projetos democráticos e de inclusão.

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