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A Feicoop é um ato de resistência

De 10 a 14 de julho, Santa Maria vai sediar a 26ª Feira do Cooperativismo (Feicoop), conhe-cida como a Feira Mundial de Economia Solidária, bem como a 15ª Feira Latino-Americana de Economia Solidária. São eventos de resistência ao capitalismo ganancioso, que privilegia os ricos, exclui os mais humildes e promove o consumo voraz. Na economia solidária, ocorre o resgaste da cidadania, da participação coletiva, do comércio justo e solidário, da democracia e da autogestão. Uma outra economia acontece durante quatro dias no Centro de Referência em Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter, numa experiência aprendente e ensinante, como ressalta a Irmã Lourdes Dill, coordenadora do Projeto Esperança/Cooesperança.

A Feicoop articula, com a teoria e a prática, os grupos participantes do campo e da cidade. As diferentes culturas e etnias convivem em respeito e harmonia, numa demonstração plena do modelo de desenvolvimento solidário sustentável e territorial. A "transformação pela solidariedade" promove a cidadania e a inclusão social, forma e aprimora sujeitos, e, enfim, propõe iniciativas para a implementação de políticas públicas.

No entanto, as atuais políticas públicas para a economia solidária, principalmente por parte dos governos federal e estadual, estão aquém das necessidades do setor. Houve uma época em que a Feicoop e os empreendimentos da economia solidária contavam com apoio estrutural, logístico e financeiro das duas esferas governamentais para a realização dos eventos em Santa Maria e na região centro.

Desmerecer o valor da Feicoop é de uma pequenez extraordinária e de um pensamento conservador e atrasado. Lamentavelmente, algumas "pessoas de bem" de Santa Maria veem a Feira com indiferença e até inveja. Afinal, como já escrevi neste espaço anteriormente, a cidade sofre de um terrível "complexo de vira-latas", no qual "santo de casa não faz milagre". Ressalto que eventos deste porte, a exemplo da Feisma e da Romaria da Medianeira, só para citar dois, projetam o município para o estado, o país e o mundo.

Em 2018, conforme a organização da Feicoop, 302 mil pessoas participaram da Feira. O evento contou com representantes de 3.500 empreendimentos organizados em rede, oriundos de 583 municípios, vindos de 26 estados brasileiros e o Distrito Federal. Os fóruns locais e macrorregionais, e o Fórum Brasileiro de Economia Solidária tiveram a presença de entidades públicas e privadas, produtores e consumidores, universidades, fundos solidários, redes nacionais e internacionais de economia solidária. No total, a Feicoop contou com a representação de 25 países e cinco continentes. Foram expostos mais de 10 mil variedades de produtos oriundos da economia solidária. "É um evento de impacto social, econômico, político, organizativo e cultural para Santa Maria e para o Brasil. Estes 26 anos foram de muitas lutas, desafios, vitórias, conquistas, muito trabalho e intercâmbios com experiências nacionais e internacionais", destaca, com muita razão, a Irmã Lourdes Dill.

Em um país em profunda crise econômica, a iniciativa do Projeto Esperança/Cooesperança, da Arquidiocese de Santa Maria, gera trabalho e renda a milhares de pessoas e famílias que integram os grupos associados e participantes da Feicoop e do Feirão Colonial. Repito: a Feicoop é um ato de resistência ao sistema excludente, ao desemprego, à destruição do meio ambiente e à falta de apoio aos agricultores familiares.

O saudoso economista e professor Paul Singer, que morreu em 2018, foi o fundador da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) em 2003. Ele dizia: "No momento, o que importa é que nós possamos superar essa crise de desemprego. E acho que a economia solidária é uma saída. Não é a única, mas é uma saída." A luta continua, Singer.

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