Opinião

A excelência do cooperativismo

Eduardo Rolim


Recentemente, foi publicado neste jornal um informe sobre as 500 maiores empresas da Região Sul. Três delas são da região centro do Estado: a Sicredi, que ocupa o 5º lugar, a Campal, que está em 180º, e a Cotrisel, que está em 183º. Isso demonstra a força do cooperativismo que se ombreia às maiores empresas do país e é um diferencial em favor do social neste mundo em que o lucro comanda a maioria das iniciativas econômicas. Enquanto na empresa privada o resultado (lucro) fica nas mãos de um grupo pequeno ou de um só investidor, beneficiando uma parcela mínima da sociedade, no cooperativismo o resultado retorna às mãos dos cooperados, que são os verdadeiros donos da empresa. O benefício da atividade econômica vai para as mãos de uma parcela maior da sociedade e beneficia, diretamente, toda a comunidade.

Em Santa Maria, a Coopfer, fundada em 1913, em poucos anos já construía um hospital (Casa de Saúde), uma escola para meninos (Hugo Taylor), uma escola para meninas (Escola Santa Terezinha - hoje Manoel Ribas), ambas com cursos profissionalizantes, Escolas Turmeiras (ao longo da via férrea), sem contar com o grande benefício de sua principal atividade que era o consumo de bens pelos seus associados. Além da atividade econômica, a preocupação com o social era um objetivo permanente, o que vinha refletir no bem-estar de toda a comunidade. Este é o grande diferencial da empresa capitalista. Enquanto uma persegue o lucro, a outra busca o bem-estar dos associados e do meio em que atua. É o caminho mais curto para o "Estado de Bem-Estar Social", propagado pelos humanistas e cientistas sociais.

Em Santa Maria, temos várias cooperativas em atividade nos mais diversos setores da economia. A Unimed já é uma das maiores empresas da cidade, beneficiando os usuários, os médicos associados e toda a comunidade pelo recolhimento, com exação, dos impostos devidos e com o reflexo direto sobre o desenvolvimento da cidade. A Cesma, que fornece os livros que os estudantes necessitam e toda uma literatura que enriquece a cultura santa-mariense, indo muito além da simples atividade econômica. A Cooptáxi, que vem há anos beneficiando os taxistas seus associados, além de promover a união das famílias e regular o comércio de combustíveis. A Sicredi e a Unicredi, atuando no setor bancário e demonstrando a capacidade gerencial e a superioridade frente aos objetivos rentistas do "crédito usurário" dos bancos privados e das estatais.

Tivemos em nossa cidade uma cooperativa de consumo, a Coopelar, que durante 30 anos chegou a fornecer alimentos para um quarto da população santa-mariense, com atuação em São Sepé e Cachoeira do Sul, que, além dos serviços aos associados, beneficiou toda a população, pois durante esse tempo tivemos em Santa Maria a "cesta básica" mais barata do Estado. O efeito regulador sobre o mercado, impedindo a exploração que se observa no setor, era o reflexo social que ia além do quadro associativo. A variação nos preços, de um mercado para outro, demonstra que o "marketing" se constitui numa armadilha de exploração e isso era regulado, direta e indiretamente, pela atuação cooperativa.

O cooperativismo brasileiro se ressente de um código próprio, que, além de reger a atividade, venha proteger o sistema. A maioria de suas ações são regidas pelo Código Comercial, não adequado e que causa entrave. Apesar de os governos que se sucedem neste país terem optado pelo sistema capitalista da atividade econômica, o cooperativismo vem crescendo e resistindo às dificuldades que as competições impõem. Ele cresce devido à pureza de seus objetivos sociais e resiste apesar do despreparo da maioria do quadro associativo, formado dentro de uma pedagogia de competição e não preparado para a solidariedade.


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