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A era da caneca

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O processo de sensibilização ambiental nas escolas, empresas e famílias se iniciou por ações simples. Uma delas foi o chamamento da troca de copos descartáveis por canecas retornáveis - adote uma caneca! Não faltam números para comprovar os ganhos com esta atitude. Imaginando que uma pessoa utilize quatro copos plásticos por dia, em um mês totalizam 120. Em um ano, são 1.440, quantidade equivalente a 2,5kg. Considerando Santa Maria que possui em torno de 300 mil habitantes, em um ano são 750 toneladas de resíduos só de copos descartáveis. Poderíamos prosseguir os cálculos considerando os custos para os cofres públicos. Talvez você esteja se questionando sobre o porquê do não envio destes copos para a reciclagem. Ocorre que muitos resíduos recicláveis não encontram mercado nas indústrias recicladoras.

Os copos brancos leitosos, os mais usados, são um exemplo desta situação. Outro aspecto importante é que estes copos demoram centenas de anos para serem decompostos. Novamente você pode se questionar: e os biodegradáveis não são melhores? Os custos para os cofres públicos para coletar, transportar e destinar não se alteram com esta troca. A alteração está no tempo de decomposição do plástico biodegradável, que é menor do que o convencional, cuja matéria prima é o petróleo. Há outra questão importante. Na maioria das vezes, os copos, também os canudos e as sacolas que pintam como biodegradáveis, na verdade são oxibiodegradáveis.

Os oxibiodegradáveis são plásticos de petróleo cujo diferencial é a adição de catalisadores, os quais ao se decomporem geram resíduos muitas vezes perigosos porque possuem metais pesados na sua formulação. Estudos recentes demonstram que mesmo os plásticos biodegradáveis, que são produzidos a partir de matérias vegetais, como mandioca e cana de açúcar, não se degradam tão rapidamente como o anunciado. Na minha opinião, a simples troca não resolve o problema se o uso do plástico não for racional e se não houver reciclagem da parcela descartada.

Trocar um pelo outro representa trocar seis por meia dúzia ou até menos. As leis que deveriam incentivar a mudança de padrão de consumo não têm contribuído para isso. Um exemplo é a lei dos canudos em Santa Maria, que foi flexibilizada para atender a elevação do custo econômico decorrente da troca. O esperado é que a existência da lei gerasse, no mínimo, questionamento sobre a verdadeira necessidade de uso do canudo. Observo que o tempo passa e os avanços, em termos de mudanças de comportamento, são devagar quase parando.

Não saímos da era da caneca. Passam-se décadas e os apelos são sempre os mesmos, demonstrando que os resultados, infelizmente, são mínimos. Não me surpreendo que neste cenário haja questionamento e priorização dos aspectos econômicos em detrimento dos ambientais e sociais. 

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