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A consequência

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Coisas ruins trazem aprendizado e, para muitos, trazem coisas boas. Sabemos que depois de grandes tempestades vem a bonança; depois da chuva, o sol. Resta torcer para que essa mudança nos torne melhores e sirva de lição para o país, que nos últimos anos fechou leitos hospitalares públicos. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), um estudo feito em 2018 aponta que o Brasil perdeu, nos últimos 10 anos, mais de 41 mil leitos hospitalares no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2008, o total de leitos na rede pública era de 344.573. Em 2018, o total chegava a 303.185.

E leitos não SUS não aumentaram. O mesmo estudo informa que, de forma geral, o sistema de saúde brasileiro passou de 460.656 leitos em 2008 para 437.565 em 2018, totalizando 23.091 leitos a menos - o equivalente a seis leitos fechados por dia durante um período de 10 anos, todos públicos. Outro dado importante é que, em 2008, o Brasil contava com 2,4 leitos (SUS e não SUS) para cada mil habitantes, caindo para o índice de 2,1 leitos na mesma proporção de pessoas em 2018.

Pensando na nossa cidade, vale lembrar que apenas 18% da população é possuidora de algum tipo de convênio médico-hospitalar - realidade não diferente do Brasil como um todo. Recentemente, muitos leitos foram abertos pelo país, inclusive em Santa Maria. Espero que, devidamente habilitados, sejam mantidos e aumentados na rede pública da cidade.
Talvez, depois desta pandemia, alguns entendam que precisamos de atenção primária forte e que isso não exclui a importância de uma rede hospitalar pública forte e resolutiva, de fácil acesso. A saúde é uma ciência que precisa de investimento, precisa de tecnologia, precisa de pesquisa. E certamente sem a existência dela todo o resto se torna secundário, como podemos constatar em história recente. Estamos colhendo os frutos desses últimos anos de irresponsabilidade com a rede hospitalar pública brasileira.

Muitas vezes, em conselhos e espaços públicos, apontava que precisávamos de leitos, que só uma rede de atenção básica forte não excluía a necessidade de leitos hospitalares. Hoje desejo que esse aprendizado fique. A saúde é um processo complexo que necessita de muitas forças, entre elas hospitais. Meu desejo é que muitos dos leitos abertos na pandemia não sejam retirados do sistema, mas sim habilitados e qualificados.

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