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'Eu entrei no espiritismo não pela dor, mas para compreender a dor'

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Talvez você não saiba, mas tenho um programa de cunho espírita na TV Santa Maria, Canal 19 da Net, que também pode ser acessado pelo Facebook e Youtube. É um programa de entrevistas que abrange os mais variados assuntos sempre abordados sob a ótica da lógica e da racionalidade espírita. E em abril deste ano entrevistei o meu amigo Vicente Paulo Bisogno, pessoa muito conhecida em nossa cidade pela sua atuação em diversos segmentos, tanto privado quanto público da vida de Santa Maria. Mas, não foi por ser conhecido que o convidei para bater um papo no programa. Claro que não. Foi sim porque Vicente não somente tornou-se adepto e estudioso do espiritismo, mas também um palestrante espírita. Aliás, um ótimo palestrante. E naquela ocasião, sabedor que ele havia perdido, recentemente, uma filha jovem, atrevi-me, com o seu consentimento, é claro, a perguntar- -lhe qual a motivação que o havia trazido para a doutrina Espírita. E, naquele momento, ele me disse uma frase que não mais esqueci e que leva o título deste artigo. Disse-me ele: "Eu entrei no espiritismo não pela dor, mas para compreender a dor". E fruto dessa resposta do meu amigo Vicente e pensando em quantos milhares de pais por esse mundo afora envelhecem e morrem sem entender essa "injustiça" de Deus ao levar seus filhos antes deles, é que resolvi escrever este artigo.

A vida é como a matemática, precisa ser entendida. E, entendendo a vida como ela é e qual o seu verdadeiro sentido, vamos, também, entender a morte. E é em busca de um novo olhar, de um novo prisma e de novas respostas que confortem a alma é que muitas pessoas estropiadas espiritualmente pela perda de seus filhos procuram as casas espíritas na ânsia de obter explicações para as suas perguntas sem respostas, que pipocam em suas mentes e que as fazem viver um imenso vazio existencial que as levam, muitas vezes, a dar o primeiro passo para a depressão. Normalmente, colocamos o tema morte como um assunto para amanhã ou depois de amanhã ou, na maioria das vezes, para nunca, como se fôssemos imortais. E isso muito se deve às religiões e as filosofias que sempre enxergaram a morte para os bons como um descanso eterno nos "braços" de Deus no paraíso e para os maus o sofrimento sob o tridente do demônio na eternidade do fogo do inferno. Com o surgimento do espiritismo abrindo novos horizontes com relação ao destino do homem, esse pensamento arcaico e medieval emperrado e enferrujado ao longo dos séculos pela imposição do medo, foi, aos poucos, fazendo funcionar as engrenagens da lógica e da razão, na medida em que nos veem esclarecer, de forma peremptória, que quem morre é a casca, o corpo, mas a essência, o espírito, este continua vivo. Aliás, muito mais vivo. Não se deixe viver sob o domínio da incerteza e morrer refém dos segredos da existência. Abra essa caixa preta, escarafunche sem medo o seu interior e substitua as verdades emboloradas e ultrapassadas por novas possibilidades que lhe façam entender, perceber e aceitar o Deus que ama, perdoa e lhe dá um filho e não o Deus que castiga e condena e lhe tira esse mesmo filho.

Lembre-se que vivemos em um universo de finitudes em que tudo o que inicia tem um fim, como o seu cão de estimação, um olhar, suas férias, um beijo, uma flor no seu jardim e até mesmo o próprio jardineiro. Ah, e inclusive eu que escrevi este artigo e você que o está lendo. Tudo que conhecemos e amamos um dia, mesmo que tenha vindo antes ou depois de nós, vai morrer. Você não é o seu corpo. Você é muito mais complexo do que a imagem que o seu espelho reflete. É certo que sofremos pela perda de alguém que amamos. Isso é inevitável porque isso é humano, mas entendendo as razões da perda, temos maiores chances de entender que, quem morre, apenas deixa o mundo dos homens e passa, ou melhor, retorna a viver na sua verdadeira dimensão, pois que somos espíritos encarnados vivendo nessa extraordinária escola chamada Terra com o fim de corrigir erros, aprender e, em aprendendo, redirecionar rotas e, com isso, acelerar nosso progresso.

Obrigado, Vicente, por repartir comigo um pouco da tua história e me permitir ouvir essa frase impactante a qual repito, encerro e dou título a este artigo: "Eu não entrei no espiritismo pela dor, mas para compreender a dor".

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