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VÍDEO: em seis meses, internações de idosos em UTI caíram 64% em Santa Maria

Leonardo Catto

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)

A vacinação contra a Covid-19 avança, e os efeitos já são observados nas notificações da pandemia. Em Santa Maria, os idosos, um dos primeiros grupos a ser imunizados e considerados grupo de risco da doença, ainda são maioria nas internações em unidades de tratamento intensivo (UTIs) Covid. Porém, ao passo que o número absoluto de internações caiu, a porcentagem de pessoas acima de 60 anos entre esse tipo de hospitalização também reduziu. É a chamada "mudança de perfil" nos casos que precisam ser tratados em hospitais, em que pacientes internados são mais jovens e nem sempre vacinados.

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Dados do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs/RS) apresentam o recorte de internações em Santa Maria. O registro do Estado quanto à notificações tem um pequeno atraso em relação ao registro municipal, mas serve para compreender a tendência da pandemia. O agravamento de março, por exemplo, fez as internações intensivas de idosos subirem de 57, em janeiro, para 121. O aumento foi de 112%. Na época, a vacinação já tinha iniciado há três meses. Entretanto, somente no final daquele mês que metade da população idosa tinha a primeira dose contra a Covid.

Ainda que com a chegada de doses a conta-gotas, as faixas etárias avançaram, e as segundas doses foram aplicadas em idosos que já tinham certa proteção. Assim, entre março e junho, foi possível ter a queda de 83% nas internações de idosos em UTIs (de 121 para 20).

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Essa queda poderia apenas acompanhar a redução geral de hospitalizações intensivas. Porém, se analisada em comparação com outras faixas etárias, é notório o efeito da vacinação.

Em janeiro, pessoas com mais de 60 anos representavam 57% das internações em UTI no município. Mesmo com a alta de março, a proporção diminuiu (49%). O percentual ainda é o maior, mas reduz cada vez mais e está apenas 2% acima em relação às pessoas de 50 a 59 anos.

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TENDÊNCIA
As infecções pelo coronavírus também se projetam em redução, ainda que as medidas restritivas em vigor pelo sistema 3 As sejam menos rígidas que as implementadas até final de abril com o Distanciamento Controlado. O médico epidemiologista Marcos Lobato credita o atual cenário à vacinação.

- A gente teve uma queda em hospitalização em leitos clínicos. É estável em leitos de UTI, principalmente no Sistema Único de Saúde (SUS), o que era esperado. A gente começou a vacinar mais. A vacina não protege 100% de ter a doença, mas protege de ter a doença grave e óbitos. Então, a gente vê essa redução mais lenta de leitos, mas está havendo - afirma.

Os óbitos, segundo Lobato, têm queda aparente. Entretanto, o dado ainda está em patamar alto, em torno de 20% a menos entre maio e junho. Porém, esse número não é fechado, já que os registros do mês passado ainda são feitos nos primeiros dias de julho. A redução esperada deve ser de 10% a 15%.

O número de novas infecções por dia é considerado alto em relação ao ano passado, conforme Lobato. Entretanto, se tratam de casos de menor gravidade.

- O número de internações acaba pegando os jovens que não têm a vacinação completa. A cada semana, temos uma proporção menor de idosos. Alguns, infelizmente, mesmo vacinados, vão a óbito, no caso de ter uma fragilidade maior ou que pegaram o vírus antes de desenvolver a imunidade - explica.

Ainda que o número de idosos tenha proporcionalmente diminuído, o número absoluto de idosos internados é maior que a média do ano passado. O dado atual é positivo se comparado com os meses de 2021.

Após a pandemia, Adão quer ver mais a neta
O aposentado Adão Alves Rodrigues, 69 anos, tomou a segunda dose da vacina em 29 de junho. Ele ainda mantém cuidados de prevenção, principalmente o uso de máscara. Com a vacinação, ele e a esposa, Doralei de Moura, 67, se sentem mais seguros contra a Covid.

A expectativa, agora, é pelo fim de fato da pandemia. Quando houver total segurança, Rodrigues quer retomar viagens.

- Eu gosto de ir para Porto Alegre. Com a família, para Atlântida. Tenho dois filhos. Um está em Rio Grande - conta.

Além dos passeios, o idoso quer passar mais tempo junto da única neta, de 10 anos sem ser pela janela do carro:

- Tenho saudade. Ela até vai "ver o vô e a vó" no carro, mas a gente cuida muito. Se desse, já estávamos nos encontrando mais. Mas acho que a gente está certo, né? Tem que se cuidar.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Leonardo Catto (Diário)

Estudo cogita tendência de risco por classe social
Enquanto a idade das vítimas da Covid-19 diminiu, outras preocupações aparecem como risco. O artigo "A mudança do perfil de idade na mortalidade por Covid-19 no Brasil: uma nova tendência global?" analisa o cenário nacional, de vítimas mais jovens. O trabalho é assinado por Luis Eugênio de Souza, vice-diretor do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Karla Giacomin, especialista em Geriatria e Atenção à Saúde do Idoso e Peter Lloyd-Sherlock, pesquisador em Saúde e Bem-estar de idoso na Universidade de East Anglia no Reino Unido.

Para os pesquisadores, a vacinação contribuiu para a redução da idade das vítimas, mas não pode ser a única medida de combate à pandemia. Eles também ponderam sobre o reflexo de fatores comportamentais para o perfil de mortes. Por exemplo, quem menos pratica o distanciamento social (por necessidade econômica ou desrespeito a medidas restritivas) se expõe mais ao vírus.

O trabalho não apresenta definitivamente a nova tendência de grupo de risco. Entretanto, menciona evidências de mortalidade alta entre todas as idades em classes mais pobres, com alta taxa de infecção entre pessoas sem acesso pleno ao sistema de saúde. Em Santa Maria, por exemplo, a rede privada tem queda de internações e atendimentos. O Hospital de Caridade fechou 10 leitos de UTI na útlima semana. Enquanto isso, Regional e Husm atuam próximo do limite máximo de capacidade.

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