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Foto: Arquivo Pessoal
Há cinco meses, desde que começaram a surgir os casos de coronavírus em Santa Maria, a rotina do estudante Leonardo Comoretto, 14 anos, mudou completamente. Com aulas apenas pela internet, ele não pôde mais brincar com os amigos e evitava sair de casa, por ter doença pulmonar crônica e se enquadrar no grupo de risco. Nesta terça-feira, depois de lutar bravamente por 10 dias no Hospital Alcides Brum, perdeu a batalha contra o coronavírus e se tornou a vítima mais jovem a morrer pela doença em Santa Maria.
Aluno do 5º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Pinheiro Machado, Léo, como era chamado por todos, morava com o pai, o operador de máquinas Elisandro Comoretto, a mãe, a dona de casa Daniela de Fortini, o irmão Gustavo, a irmã Maria Eduarda, a avó e a cunhada. Descrito como um adolescente sempre de bem com a vida, Léo gostava de jogar videogame, tinha uma coleção completa de carrinhos da Hot Wheels e era torcedor fanático do Grêmio.
- O quarto dele era todo decorado do Grêmio. Ele era um torcedor muito apaixonado. Tinha camisetas, toalhas e o ídolo dele era o Everton Cebolinha - conta o pai.
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Foto: Arquivo Pessoal
Família guarda com carinho as lembranças do filho
O adolescente estava com aulas remotas durante a pandemia e realizava as atividades que os professores mandavam. Para o futuro, tinha o sonho de ser policial, pois admirava a coragem desses profissionais.
- Ele se preocupava em fazer as atividades todas certinhas. Era bem estudioso. Depois, quando começou a apresentar algumas sintomas, parou de acompanhar. Sempre que via um policial na rua dizia que queria ser como eles - afirma a mãe.
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Daniela também precisou ser internada depois de contrair o vírus e ficou em isolamento com o filho no hospital até segunda-feira, quando recebeu alta. Na casa, todos testaram positivo para o coronavírus, mas só Léo, a mãe e a avó precisaram de internação hospitalar. A avó, de 80 anos, continua no Hospital Alcides Brum. Agora, a família busca forças para continuar o tratamento após a perda do adolescente.
- É uma doença muito traiçoeira. Eu, que sempre fui saudável, me sinto mais cansado desde que peguei o vírus. O Léo tinha bastante medo, sabia que poderia ter um quadro grave caso pegasse a doença, por causa dos problemas pulmonares. Os médicos que cuidaram dele, tanto no acompanhamento da doença crônica como os médicos que cuidaram dele no Alcides Brum foram verdadeiros anjos e não pouparam esforços - relata o pai.
style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">O adolescente foi diagnosticado há alguns anos com imunodeficiência e doença pulmonar crônica grave. Inicialmente, fazia acompanhamento no Hospital de Clínicas em Porto Alegre, depois seguiu o tratamento no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). A confirmação do coronavírus veio na quarta-feira da semana passada, depois de quatro dias internado. No domingo, já debilitado, precisou de transferência para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
- O Léo era um menino muito iluminado que nunca fez mal a ninguém. Um verdadeiro guerreiro, é assim que sempre vamos lembrar dele. Tem muita gente brincando com essa doença, se aglomerando e não tomando os cuidados necessários. Não é a hora de fazer isso, de se abraçar, se beijar. É necessário prevenir, porque não é só uma gripezinha. Nunca se sabe como o organismo vai reagir - pondera o irmão Gustavo.
O corpo de Leonardo foi sepultado às 10h desta terça-feira, sem velório, no Cemitério Ecumênico Municipal.
*Colaborou Janaína Wille