data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
A política se faz com nomes e gestos. Nem sempre com ações. Mas, no caso, de uma função que, quase sempre, é dosada por meio de capital político, ter um padrinho na política é algo que habita os gabinetes e as práticas políticas de longa data. É intrínseco à função - seja ela exercida dentro de uma Câmara de Vereadores ou no Congresso. O Diário conversou, nos últimos dias, com dirigentes partidários, assessores e também com os próprios pré-candidatos à prefeitura do quinto maior colégio eleitoral do Rio Grande do Sul para saber quem são as pessoas que endossam e contribuem junto aos seis nomes que disputarão o pleito.
PARTICIPAÇÃO
Nesta lista, constam desde caciques da política quanto nomes novos, vindos, por exemplo, do esporte, bem como o governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB), e o senador Luis Carlos Heinze (PP).
Aberto prazo das convenções partidárias em Santa Maria
Porém, nem só de padrinhos e de fiadores é feita uma pré-candidatura. Marcelo Zappe Bisogno e Jorge Pozzobom apostam, por exemplo, nos sobrenomes. O primeiro, que tem a família encravada no Bairro Itararé, tem o gosto da política herdado do pai, o comunicador Vicente Paulo Bisogno.
Já Jorge Pozzobom, que cresceu no entorno da Rua Sete de Setembro, foi o primeiro da família a trilhar o caminho da política e fez do nome Pozzobom uma marca da política local.
Veja os padrinhos que estão com os pré-candidatos*
Evandro de Barros Behr (Cidadania)
- Leva o nome do pai, o ex-prefeito Evandro Behr, que governou Santa Maria no começo da década de 1990
- Aqueles que viveram no município remetem à gestão como uma das pioneiras a imprimir um ritmo de desenvolvimento à cidade
- A materialização desse novo fazer político ficou encravada no centro da cidade com a construção do chamado Viaduto do Behr, na Rua do Acampamento
- O viaduto foi uma das primeiras obras de mobilidade urbana de Santa Maria e embrião para, mais tarde, consolidar-se o Plano Diretor
- Do pai, Evandro quer encampar o estilo de um gestor descolado do modo de fazer a política tradicional, mas com participação popular, protagonismo e visão de futuro
- Credita ao ex-governador Germano Rigoto as oportunidades que marcaram o início da sua vida pública e o trabalho acima de interesses políticos
- Tem uma breve trajetória política, tendo exercido cargos-chave na função pública como diretor-administrativo da FGTAS, candidato a vice-prefeito ao lado de Schirmer (MDB) em 2000 e, depois, concorreu a deputado estadual, em 2002, não se elegendo
Marcelo Zappe Bisogno (PDT)
- Dentro do projeto de dar projeção ao partido em âmbito estadual, a sigla projeta, ainda que não de forma oficializada, o nome do presidente da sigla no RS Romildo Bolzan Júnior, que também é presidente do Grêmio
- Romildo Bolzan Júnior deve ser o nome do partido a disputar o comando do Piratini e, estrategicamente, Santa Maria é um dos municípios que o PDT mira conquistar
- Além do padrinho político, Marcelo Bisogno tem como "selo" próprio o sobrenome da família Zappe Bisogno encravada no Bairro Itararé
- O pai, Vicente Paulo Bisogno, que já foi vereador e disputou a prefeitura de Santa Maria, é o grande incentivador e o aconselha nas tomadas de decisões
- Filiado ao PDT, ainda na juventude, teve a ficha abonada pelo líder e ícone do partido, Leonel Brizola, o que rende até hoje a Marcelo Bisogno proximidade com o núcleo brizolista
- Ele, que é radialista, é ligado ao mandato da deputada estadual Juliana Brizola
- Ao concorrer pela segunda vez à prefeitura, em 2016, fez 12,5 mil votos. Acredita que há uma trajetória de contribuições dadas por ele quando foi secretário de município (nos governos Valdeci e Schirmer), e, depois, como vereador mais votado em 2012, com quase 8 mil votos
Sergio Cechin (Progressistas)
- O partido com maior número de prefeituras no Rio Grande do Sul, quer governar o Estado em 2022. Para isso, colocará todas suas fichas no maior nome da sigla: o senador Luis Carlos Heinze, que, ainda neste ano, começou a incentivar e a ser o principal fiador da pré-candidatura de Cechin à prefeitura
- Ainda em 2016, chegou a cogitar candidatar-se à prefeitura, mas optou pelo caminho ao lado de Jorge Pozzobom (PSDB). Agora, o protagonismo que sempre foi reivindicado a Cechin veio pelas mãos do maior nome do partido no Estado: o senador Heinze
- Heinze tem sido um importante interlocutor das questões de Santa Maria. Neste ano, por meio da articulação dele, foram assegurados recursos para a Travessia Urbana e também para o Hospital Regional de Santa Maria e Casa de Saúde, em meio à pandemia
- Dentro do partido, todos reconhecem que Heinze foi o fiador e incentivador que construiu e abriu o caminho para que Cechin fosse alçado à condição de protagonista na corrida à prefeitura de Santa Maria
- Ao lado do MDB, Cechin tenta reeditar a parceria exitosa que fez com que os dois partidos governassem Santa Maria de 2009 a 2016
- Com 40 anos de vida pública, contabiliza seis mandatos como vereador e é, atualmente, vice-prefeito pela segunda vez
- Cechin é a aposta do Progressistas para que a sigla saia da condição de "coadjuvante decisivo" para se tornar protagonista, uma vez que o partido foi determinante na eleição dos últimos dois prefeitos - Schirmer, em 2012, e, depois, Pozzobom, em 2016
Jorge Pozzobom (PSDB)
- O PSDB do governador Eduardo Leite tem o desafio de manter aqueles municípios já governados por tucanos. E, se possível, ampliar o leque de poder
- Estrategicamente, Leite colocou na pauta do governo, ainda antes da pandemia, questões de interesse de Santa Maria. Uma delas foi, por exemplo, o funcionamento na totalidade, com abertura de leitos (que ocorreram), do Hospital Regional
- Leite e o PSDB gaúcho sabem que Santa Maria é imprescindível aos planos do partido. O governador é figura central nesta busca por manutenção do comando do município por parte do colega de partido, o prefeito Pozzobom. O PSDB busca, além da capital gaúcha, a manutenção de municípios-chave como Pelotas e Novo Hamburgo
- Leite também foi determinante para que o PTB, que hoje ocupa o cargo de vice-governador, esteja junto à coligação em torno do nome de Pozzobom
- Porém, nem só do nome do padrinho político Leite se faz a caminhada de Jorge Pozzobom
- Aliás, o sobrenome da família é um selo e uma espécie de marca própria na política local. Foi, inclusive, assim que ele abriu as portas para ingresso do irmão na política, o hoje vereador Admar Pozzobom
- Com quase 20 anos de vida pública, Pozzobom estreou na política local como vereador, também foi secretário de município (no governo Schirmer, MDB) e de Estado (na gestão Yeda, PSDB). Foi ainda, por duas vezes, deputado estadual
Luciano Guerra (PT)
- O PT vem de duas eleições em que perdeu a disputa. A mais recente em 2016, quando o PT deixou escapar a vitória para Pozzobom por apenas 226 votos e, antes, em 2012, quando Helen Cabral perdeu para o então prefeito Schirmer (MDB), que foi reeleito naquele pleito
- O pré-candidato Luciano Guerra é a aposta da sigla para quebrar o jejum dos petistas e, assim, voltar a comandar o município
- Para isso, os rumos bem como as estratégias da campanha estão nas mãos do maior nome do PT local: o deputado estadual Valdeci Oliveira
- Valdeci, que comandou o município de 2001 a 2008, tem a tarefa de fazer com que Guerra, considerado seu pupilo político, tenha a maior façanha de sua recente trajetória política: sagrar-se prefeito de Santa Maria
- Valdeci, que já foi deputado federal e líder de governo de Tarso (PT) na Assembleia, é, além de ser o maior nome do partido na cidade, quem desfruta de maior capacidade de mobilização da militância
- Com várias correntes e divergências internas, Valdeci é quem consegue trazer união e coesão junto à militância, que hoje sabe que precisa estar "fechada" com Guerra
- Eleito subprefeito de Palma, por quatro vezes, ainda quando Valdeci era o prefeito de Santa Maria, Guerra se aproximou do Executivo, o que, por tabela, colocou-lhe no convívio político com o então prefeito. Além disso, o petista, que está no segundo mandato como vereador, esteve diretamente ligado à campanha de Valdeci à AL, quando Valdeci foi eleito deputado estadual
Jader Maretoli (Republicanos)
- Dentro dos planos do Republicanos está o avanço do partido no Estado. Para isso, aposta em candidaturas naqueles municípios com maior expressividade. Desta forma, a sigla terá candidaturas em Santa Maria e na Capital
- Até este ano, Jader Maretoli foi secretário adjunto de Esportes e Lazer do governo Eduardo Leite (PSDB). Ele foi alçado a tal posto pelas mãos do então secretário estadual de Esporte, João Derly, que é do Republicanos
- Derly, que foi vereador em Porto Alegre e deputado federal, foi quem colocou Maretoli no Piratini
- Além do ex-judoca, a pré-candidatura de chapa pura de Jader Maretoli tem o apoio e o incentivo do presidente estadual da sigla, Carlos Gomes, da deputada estadual Fran Somensi e do também deputado federal Carlos Gomes
- Jader afirma que não quer ser visto apenas como o candidato pastor e ligado às igrejas evangélicas
- Ele argumenta que a sua pré-candidatura terá como um dos lemas a "bandeira da família"
- Fenômeno eleitoral de 2016, quando concorreu pela primeira vez, obteve quase 19,5 mil votos
*Os pré-candidatos estão apresentados conforme ordem alfabética dos partidos. Todos os seis pré-candidatos têm o mesmo espaço dentro do quadro