Quem financia as campanhas dos candidatos à Reitoria da UFSM

Para conquistar a preferência da comunidade acadêmica vale apostar em identidade visual, propaganda em redes sociais, corpo a corpo nos campi, site e muitos adesivos. E de todos os tamanhos. Vale também “transportar” as propostas em uma camionete na cor turquesa e  em uma kombi com os rostos dos candidatos estampados. Todas essas estratégias têm feito parte das campanhas de Felipe Müller e Martha Adaime, que disputam a Reitoria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Mas quem financia essa engrenagem? 

A regra eleitoral é clara: as chapas não podem receber contribuição financeira e material, para fins de campanha, de quaisquer pessoas físicas e jurídicas externas à UFSM, o que inclui partidos políticos e entidades de classe, bem como órgãos internos da instituição. Portanto, não há dinheiro público envolvido nos atos de campanha.

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Apesar de não abrirem o jogo sobre valores investidos em campanha, as chapas afirmaram que os custos são divididos entre os integrantes – que incluem servidores, professores e estudantes, além dos próprios candidatos. Garantem, ainda, que a equipe é formada por voluntários em sua maioria e que as ações estão pensadas dentro das regras estabelecidas. De acordo com a comissão eleitoral, não há prestação de contas por parte das chapas. 

Veja, abaixo, o que disse cada candidatura sobre os investimentos na campanha à Reitoria. 

Chapa 1 

Para conquistar votos na pesquisa de opinião pública marcada para o dia 25 de junho, a Chapa 1,do ex-reitor Felipe Müller e do diretor do Centro de Ciências Rurais (CCR), Alessandro Dal'Col, tem investido na campanha pelas redes sociais e no corpo a corpo dia a dia com professores, servidores e alunos. Chama atenção, também, uma camionete na cor azul turquesa que tem sido usada na campanha. O investimento também é em materiais gráficos que levam o slogan “UFSM mais acolhedora” aos quatro campi da instituição. Outra ação será o "jantar do acolhimento" com show do cantor Jairo Lambari, em 17 de junho, no Sentinela da Querência. 

Conforme a coordenação da Chapa 1, não há uma projeção exata de gastos e a campanha está sendo financiada de forma colaborativa, com apoio de docentes, servidores e estudantes que se somam à candidatura. Ainda de acordo com as informações enviadas, as contribuições são feitas via pix. Os recursos arrecadados são destinados para cobrir custos como a impressão de materiais gráficos e o pagamento de serviços contratados nas áreas de comunicação e marketing.

Em relação ao perfil, a chapa afirma que o grupo é diverso, formado por voluntários da comunidade universitária, além de uma equipe contratada para prestar serviços pontuais nas áreas de comunicação e marketing. 

Chapa 2: 

Uma kombi adesivada tem sido responsável por levar as propostas da Chapa 2, da atual vice-reitora Martha Adaime e do diretor do Centro de Tecnologia (CT), Tiago Marchesan, até a comunidade acadêmica. Os candidatos também tem apostado no diálogo e em estratégias corriqueiras em campanhas eleitorais, como vídeos em redes sociais, adesivos de todos os tamanhos e um jingle que repete a frase “Vamos com Martha, porque Martha é a primeira”. A estratégia da chapa incluiu até a criação de um podcast e uma conversa com os alunos no Restaurante Universitário acompanhada de uma bergamota no que os candidatos chamaram de "bergaday”.

De acordo com os integrantes da chapa, os investimentos são custeados por contribuições feitas pela própria comunidade da UFSM, que compreende professores, servidores, tanto ativos quanto aposentados, além dos estudantes de todos os níveis — Ensino Médio, técnico, graduação e pós-graduação. Eles afirmam, ainda, que as doações são utilizadas para a produção de material de divulgação, por exemplo.

Para a campanha, a chapa ressalta que os perfis de apoiadores são diversos e que uma parte significativa de integrantes é de pessoas aposentadas da UFSM. Os candidatos não divulgaram o valor projetado para a campanha. 

Como funciona a eleição 

O primeiro passo foi a definição de uma comissão eleitoral, responsável pela organização do processo que vai eleger o sucessor de Luciano Schuch (2022-2025). Conforme o docente do campus de Cachoeira do Sul e presidente da comissão, Juan Galvarino Cerda Balcazar, uma das primeiras ações foi iniciar o período de inscrição das chapas, em 12 de maio.

Foi a partir desse trâmite que as candidaturas foram oficializadas na disputa. De um lado, Felipe Müller e Alessandro Dal'Col (Chapa 1), do outro, Martha Adaime e Tiago Marchesan (Chapa 2). Os candidatos terão de 21 de maio até 24 de junho para angariar votos da comunidade acadêmica. É nesse período, também, que ocorrem os debates. Já a eleição está marcada para o dia 25 de junho. Na consulta, votam alunos, professores e técnicos-administrativos. Todos de forma online, com peso igual.

Após o período de recursos, de 26 de maio a 30 de junho, a comissão eleitoral encaminha os resultados para o Conselho Universitário (Consu), que elabora as listas tríplices para reitor e vice-reitor enviadas ao Ministério da Educação (MEC). É o órgão federal que nomeia os eleitos.

Regras da campanha

• As chapas poderão distribuir panfletos com as propostas das chapas
• Os candidatos podem fazer corpo a corpo junto aos eleitores da comunidade acadêmica nos quatro campi: Santa Maria, Cachoeira do Sul, Palmeira das Missões e Frederico Westphalen
• Cada chapa homologada terá direito ao envio de até uma mensagem por semana, via correio eletrônico – que é direcionado aos integrantes da comunidade acadêmica
• Os candidatos podem também participar de debates agendados pela comissão eleitoral
• Cada chapa terá direito ao envio de uma mensagem por semana, via correio eletrônico para integrantes da comunidade acadêmica
• As páginas institucionais da UFSM, bem como todos os endereços da universidade nas redes sociais como Facebook, Instagram, X, YouTube, Whatsapp, rádio da UFSM entre outras, não poderão ser utilizados para divulgação ou compartilhamento de materiais de campanha individual da candidatura, mas apenas para a divulgação das datas e debates da pesquisa de opinião
• Não é permitido veicular matérias pagas em qualquer veículo de comunicação
• As chapas não podem utilizar pessoas, nos trabalhos de campanha, que não integrem a comunidade universitária para panfletagem, "bandeiraços" e passeatas dentro da UFSM
• É contra as regras utilizar carro de som nas áreas próximas aos hospitais Universitário (Husm) e Veterinário (HUV) e nos horários de silêncio previsto na legislação da universidade para divulgação
• As chapas não podem, também, utilizar outdoor para propaganda 
• São proibidas propagandas ofensivas à honra e/ou à dignidade pessoal ou funcional de qualquer membro da comunidade da UFSM por meio impresso e/ou conteúdo eletrônico

Quem são os candidatos 

Chapa 1

Felipe Müller – candidato a Reitoria

• 58 anos
• Ex-reitor da UFSM (2009-2013)
• Possui graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Maria (1987), mestrado em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (1990) e doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (1993)
• É professor titular da Universidade Federal de Santa Maria, no Departamento de Computação Aplicada do Centro de Tecnologia
• Foi diretor do Centro de Tecnologia (CT)
• Seu vice é o professor Alessandro Dal'Col, diretor do Centro de Ciências Rurais (CCR)

Alessandro Dal'Col – vice

• 52 anos
• Atual diretor do Centro de Ciências Rurais (CCR)
• Professor titular do Departamento de Fitotecnia
• Possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal do Espírito Santo (1994), mestrado em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria (1997), doutorado em Agronomia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1999) e pós-doutorado no Instituto Politécnico de Bragança (2015)

Chapa 2

Martha Adaime – candidata a Reitoria

• 62 anos
• Atual vice-reitora (2022-2025)
• É a primeira mulher no cargo de vice-reitora da UFSM
• Possui graduação em Química Industrial pela Universidade Federal de Santa Maria (1983) e doutorado em Química pela Universidade Estadual de Campinas (1989)
• Foi diretora de Unidade de Ensino (CCNE) de 2006 a 2010 por dois mandatos
• Também foi pró-reitora da Pró-Reitoria de Planejamento da Universidade Federal de Santa Maria e pró-reitora da pró-reitoria de graduação da Universidade Federal de Santa Mari
  

Tiago Marchesan – vice

• 44 anos
• Atual diretor do Centro de Tecnologia (CT)
• Possui graduação (2003) e doutorado (2007) em Engenharia Elétrica pela UFSM, com estágio na Universidade de Oviedo, Espanha
• Professor na instituição desde 2011