eleições 2018

Deputados da região eleitos gastaram R$ 2,6 milhões nas campanhas. Veja quem mais gastou

Eduardo Tesch

Foto: Divulgação

Depois da campanha eleitoral, o próximo compromisso dos candidatos que concorreram no primeiro turno foi a prestação de contas à Justiça Eleitoral. Os dados foram entregues pelos concorrentes no dia 6 de novembro. Na primeira eleição geral sem o financiamento privado, os candidatos ao pleito tiveram de recorrer a outras fontes de recursos como o financiamento coletivo, mais conhecido por vaquinhas virtuais, o Fundo Especial Eleitoral, além do Fundo Partidário. O limite de gastos para a campanha de um deputado estadual foi de R$ 1 milhão, enquanto para federal foi de R$ 2,5 milhões.

No caso dos candidatos eleitos da Região Central à Câmara Federal e à Assembleia Legislativa, eles gastaram juntos mais de R$ 2,6 milhões na campanha. De Cruz Alta, o deputado federal eleito Pedro Westphalen (PP), que atualmente ocupa vaga na Assembleia Legislativa, foi quem mais gastou. Foram mais de R$ 1,4 milhão em despesas - o maior gasto foi com funcionários, que somaram mais de R$ 690 mil em salários. Por outro lado, quem menos teve despesa foi o radialista Marcelo Brum (PSL), que ficou na primeira suplência da Câmara Federal, mas irá assumir a cadeira de Onyx Lorenzoni (DEM), futuro ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro (PSL), que gastou R$ 47,6 mil.

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As despesas mais elevadas dos deputados eleitos foram com materiais impressos, os famosos santinhos, pagamento de pessoal e com impulsionamentos de propagandas em redes sociais. Giusepe Riesgo (Novo) foi quem mais investiu em campanha online - o Facebook recebeu mais de mais de R$ 11 mil do deputado estadual eleito.

Sem o financiamento empresarial, mas com acesso ao Fundo Eleitoral, de R$ 1,7 bilhão no total, e ao Fundo Partidário, de R$ 513 milhões, os partidos se tornaram fundamentais no orçamento das campanhas. Reeleito para o quinto mandato, o deputado federal Paulo Pimenta, por exemplo, teve como seu maior doador o PT: mais de R$ 900 mil. Igualmente, Pedro Westphalen teve a maior ajuda do Progressistas, com o valor ultrapassando R$ 1,1 milhão. Na corrida pelo parlamento gaúcho, Valdeci Oliveira (PT), que se reelegeu para o terceiro mandato na Assembleia, angariou R$ 48 mil do PT. Também botou R$ 10 mil do próprio bolso e recebeu uma doação de R$ 8 mil do deputado federal reeleito Elvino Bohn Gass (PT).

CONTABILIDADE DA CAMPANHA

CÂMARA FEDERAL
Marcelo Brum (PSL)

"Eu sempre acreditei muito na minha história e no meu trabalho ao lado do setor do agronegócio. Temos uma história de trabalho e conseguimos chegar lá, mesmo sem o dinheiro do partido. Isso é o reconhecimento pelo trabalho que já fiz e continuo fazendo. Além disso, sou a favor do fim do financiamento empresarial em campanhas." 

  • Total de recursos recebidos-  R$ 71.730,00
  • Doação de Ricardo Jornada da Rosa - R$ 11 mil (15,34%)
  • Doação de Luiz Osorio Dumoncel - R$ 10 mil (13,94%)
  • Doação de Ademar Antonio Marcal - R$ 10 mil (13,94%)
  • Outros - R$ 40,7 mil (56,78%)
  • Total das principais despesas - R$ 47.600,00
  • Serviços prestados por terceiros - R$ 18,3 mil (38,5%)
  • Publicidade por materiais impressos - R$ 14,1 mil (29,7%)
  • Publicidade por carros de som - R$ 12,3 mil (25,88%)
  • Outras despesas - R$ 2,9 mil (5,92%)

Paulo Pimenta (PT)  
"Sobre o financiamento coletivo, eu achei muito bom. É uma experiência nova que podemos fortalecer. A nossa militância é muito ativa e participativa. Sobre o fim das doações empresariais, há distorções: não ter limites para o autofinanciamento, além de empresas que utilizaram o impulsionamento ilegal de postagens para fake news. Isso acabou prejudicando os objetivos da lei, que é uma campanha mais justa, limpa e barata".

  • Total de recursos recebidos - R$ 1.008.481,79
  • Direção Nacional do Partido dos Trabalhadores - R$ 900 mil (89,24%)
  • Financiamento coletivo (vaquinhas online) - R$ 50,4 mil (5%)
  • Doação de Antonio Escosteguy Castro - R$ 10 mil (0,9%)
  • Outros doadores - R$ 48 mil (4,86%)
  • Total das principais despesas - R$ 995.770,77
  • Gastos com pessoal - R$ 509 mil (51,17%)
  • Publicidade por materiais impressos - R$ 160 mil (16,16%)
  • Publicidade por adesivos - R$ 114 mil (11,4%)
  • Outras despesas - R$ 212,7 mil (21,27%)

Pedro Westphalen (PP)  
"A doação do meu partido foi motivada pela minha trajetória e pela importância dessa representação na Câmara Federal para o partido. Fui eleito deputado estadual quatro vezes e secretário de Estado em dois governos. Um trabalho reconhecido em defesa da saúde, do municipalismo e da agricultura. A regulamentação é sempre positiva para o processo eleitoral. E o financiamento coletivo é, sem dúvida, mais uma ferramenta para que os candidatos possam estruturar suas campanhas."

  • Total de recurso recebidos - R$ 1.445.460,00
  • Direção Nacional do Partido Progressista - R$ 1,1 milhão (81,08%)
  • Doação de Angela Friedrich - R$ 30 mil (2,07%)
  • Doação de Eleonor Oscar Becker - R$ 30 mil (2,07%)
  • Outros doadores - R$ 285,4 mil (14,78%)
  • Total das principais despesas - R$ 1.473.852,64
  • Gastos com pessoal - R$ 695,7 mil (47,21%)
  • Publicidade por materiais impressos - R$ 249 mil (16,9%)
  • Combustíveis e lubrificantes - R$ 127 mil (8,6%)
  • Outras despesas - R$ 402,1 mil (27,29%)

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
Giuseppe Riesgo (Novo)
"Não acho correto utilizar dinheiro público para financiar campanha. Não faria isso. O que eu acredito é que as campanhas devem ser financiadas por pessoas que realmente acreditam nela, independente do valor. Pedi doações de amigos, conhecidos, para muitas pessoas. Tem gente que doou R$ 10, R$ 20. Em relação ao financiamento empresarial, eu sou a favor da liberdade, porém existem prós e contras. Sinceramente, não tenho uma opinião formada em relação a isso."

  • Total de recursos recebidos - R$ 82.996,80
  • Doação de Alberto dos Santos Riesgo - R$ 12,8 mil (15,45%)
  • Financiamento coletivo (vaquinhas online) - R$ 7, 2 mil (8,69%)
  • Doação Rafael Rota Dal Molin - R$ 6,2 mil (7,51%)
  • Demais doadores - R$ 56,7 mil (68,35%)
  • Total das principais despesas - R$ 81.897,18
  • Publicidade por materiais impressos - R$ 16,6 mil (20,34%)
  • Despesa com impulsionamento de conteúdos - R$ 11,2 mil (13,75%)
  • Serviços próprios prestados por terceiros - R$ 8,4 mil (10,26%)
  • Outras despesas - R$ 45,6 mil (55,65%)

Valdeci Oliveira (PT)
"Sempre fiz uma campanha muito franciscana, sempre com muita dificuldade. Precisamos fazer uma série de cortes nas coisas mais caras, como em carros de som, por exemplo. Pessoalmente, coloquei R$ 10 mil porque faltou dinheiro. Nas vaquinhas, apesar de serem uma novidade, conseguimos arrecadar um valor razoável. Sempre defendemos o fim do financiamento empresarial e a primeira experiência foi bastante positiva."

  • Total de recursos recebidos - R$ 96.543,35
  • Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores R$ 48 mil (49,72%)
  • Financiamento coletivo (vaquinhas online)  R$ 11,5 mil (11,93%)
  • Doação própria  R$ 10 mil (10,36%)
  • Demais doadores  R$ 27 mil (27,99%)
  • Total das principais despesas - R$ 92.543,35
  • Publicidade por materiais impressos - R$ 50,9 mil (55,05%)
  • Despesas com pessoal - R$ 20,3 mil (21,94%)
  • Publicidade por adesivos - R$ 7,1 mil (7,73%)
  • Outras despesas - R$ 14,2 mil (15,28%)

AS VAQUINHAS
Novidade desta eleição, as vaquinhas online também foram uma importante fonte de receita. Por meio delas, pessoas físicas podiam doar qualquer valor pela internet. No caso do deputado Giuseppe Riesgo, a vaquinha foi fundamental, juntando R$ 7,2 mil, já que seu partido recusou a parcela a que tinha direito no Fundo Eleitoral. Riesgo explica que essa prática é uma decisão do partido como um todo, que prefere apostar no financiamento coletivo, ao invés de usar dinheiro público dos fundos.

- O que eu acredito é que as campanhas devam ser financiadas por pessoas que acreditam nela, independentemente do valor - opina o deputado estreante na Assembleia.

Além da vaquinha, Riesgo recebeu doações de familiares, e amigos do Novo. Entre eles, o pai, que doou R$ 12,8 mil, e o deputado federal mais votado no Estado, Marcelo Van Hattem (Novo), que contribuiu com R$ 5,5 mil.

O deputado santiaguense Marcelo Brum também não usou dinheiro público para financiar a campanha, uma vez que não recebeu nenhuma fatia do dinheiro destinado ao PSL dos fundos Partidário e Eleitoral.

- Eu sempre acreditei na minha história e no meu rabalho - afirma o radialista. 

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