VÍDEO: prédio da Kiss recebe arte, e grafite pode ser o último antes do memorial

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Marcelo Oliveira (Diário)

A fachada da boate Kiss, na Rua dos Andradas, no Centro de Santa Maria, recebeu uma nova pintura. Desde 2013, o local recebe artes que remetem à tragédia que matou 242 pessoas e a busca por Justiça. Agora, depois do julgamento dos quatro réus, ocorrido em dezembro do ano passado, talvez esta seja a última intervenção, já que o local deve ser transformado em um memorial. O responsável pelo grafite é o artista plástico Deivison Lima, 32 anos, que desde 2013 usa a arte para transmitir mensagens à população em frente à boate. Desta vez, a pintura em tons de amarelo, laranja, marrom e dourado representa a Justiça, as tentativas de silenciamento dos familiares e a solidariedade. 

- Ela foi construída a partir do desenrolar do julgamento. Aconteceu até uma campanha contra os familiares, quando as pessoas diziam que não era questão de justiça e, sim, vingança. Estamos trabalhando também a memória para que a população não esqueça o que aconteceu em Santa Maria. Todo mundo que é daqui é sobrevivente do incêndio, qualquer um poderia estar aqui. Esse trabalho é sempre diferente. A cada ano queremos que seja o último, e acho que agora realmente será - destaca o artista. 

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Deivison acredita que neste final de semana o grafite já esteja pronto.

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MEMORIAL
De acordo com o presidente da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes (AVTSM), Flávio Silva, não há previsão de quando o prédio será demolido. Ele conta que a chegada da pandemia precisou frear os planos do memorial em função dos custos da obra e pelas mortes registradas pelo novo coronavírus.

- Nos estávamos às vésperas do começo da campanha de arrecadação para a obra quando chegou a pandemia. Ficou um orçamento defasado. Também não tivemos condições, em um momento delicado que o Brasil pedia socorro, de levar adiante o projeto. Não seria justo - afirma o presidente.

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O orçamento já está sendo atualizado. Quando for concluído, a ideia da AVTSM é entrar com um projeto de financiamento pela Lei de Incentivo à Cultura (LIC) Estadual para a construção do espaço de memória. Flávio Silva espera que, até o fim do ano, o prédio seja demolido. 

O PROJETO
O prédio da Kiss foi desapropriado pela prefeitura de Santa Maria em 2017 e as chaves foram entregues à AVTSM. Em 2018, um concurso promovido pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) e pela associação escolheu o projeto do memorial. Naquele ano, a pedido dos familiares, o prédio não foi demolido, já que o imóvel poderia ser utilizado como peça de prova no processo dos quatro réus. A construção do memorial estava orçada, em 2018, em R$ 2,5 milhões. A estimativa é, agora, que o preço fique maior e possa até mesmo dobrar. Isso se dá em função do aumento do preço dos materiais de construção, especialmente durante a pandemia.