As comemorações dos cem anos de história da fundação da Sociedade Beneficente Israelita de Santa Maria serão celebradas neste fim de semana, 17, 18 e 19 de junho, na sede da instituição, a Sinagoga Itzhak Rabin, no centro da cidade. Além de reflexões, orações e cerimônias religiosas, como Kabalat Shabat e Shacharit, serão realizadas palestras para celebrar o centenário.
– É de vital importância, pois celebra o momento quando os judeus que chegaram de Phillipson, os primeiros colonos que vieram se estabelecendo aos poucos em Santa Maria, fundaram uma associação. A partir de então, puderam realmente se estabelecer como uma comunidade. São cem anos em que os judeus fazem parte da população da cidade, tendo diferentes trabalhos, ocupando funções, construindo sua história – afirma Miriam Seligman de Menezes, 69 anos, presidente organizadora das comemorações.
Miriam Seligman de Menezes é diretora da Sociedade Beneficente Israelita de Santa Maria e presidente das comemorações do centenário.
A programação começa nesta sexta-feira (17), às 19h30min, com a cerimônia religiosa Kabalat Shabat, na Sinagoga localizada na Rua Otávio Binato, no Centro. No sábado, no mesmo local, às 15h e às 16h, serão realizadas duas palestras. A primeira trará as memórias dos judeus de Santa Maria no acervo do Instituto Marc Chagall, e a segunda abordará a situação do antissemitismo no mundo.
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História
A Sociedade Beneficente Israelita de Santa Maria foi fundada em 1922, quase duas décadas depois das primeiras famílias judaicas terem chegado na região central, em 1904.
– Tem muito da cultura, tradição e tem muito sobre honrar seus antepassados. Porque a gente sabe o que foi a dificuldade de chegarem aqui como colonos, de trabalharem a terra árida, gente que não estava preparada para isso. E há a busca por uma cidade para dar educação para seus filhos e de conseguir se adaptar a uma vida completamente diferente da que foi deixada para trás – descreve Miriam.
Na época, o banqueiro Maurice Hirsh, por meio da associação de colonização judaica, adquiriu terras no município de Itaara (na época pertencente a Santa Maria), com a presença dos imigrantes judeus oriundos da região da Bessarábia, na Rússia.
Lúcia Steinbruch Carrion, de 66 anos da idade, ex-presidente e atual diretora da Sociedade.
– O nome definido para a primeira colônia judaica brasileira foi Philippson, em homenagem ao administrador e conselheiro da associação na época, o senhor Franz Philippson. Logo na primeira colheita, os colonos perceberam que as terras não eram apropriadas para a agricultura. Com o passar do tempo, muitos imigrantes vieram buscar na região central de Santa Maria novas oportunidades. Foi aí que muitos resolveram investir no comércio, na então principal avenida de cidade, Rio Branco, e depois na Rua do Acampamento – conta Lúcia Steinbruch Carrion, 66 anos, diretora da sociedade.
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Segundo os diretores da entidade, no começo da sociedade, em 1922, havia cem famílias judaicas que vieram se instalar em Santa Maria. Com o passar do tempo, após muitos irem embora da cidade, em busca de estudos e oportunidades, restariam apenas 10 famílias que participaram da fundação.
– Nós somos muito agradecidos aos gaúchos. Muitos costumes acabamos adotando. Sabemos que muitos já foram embora da cidade e do Estado, em busca de novas oportunidades. Temos muito orgulho dos nossos antepassados, que construíram essa história – afirma Salomão Bursztejn, 69 anos, presidente em exercício da sociedade.
Salomão Bursztejn , presidente em exercício da sociedade, enaltece a importância da relação dos primeiros imigrantes com o povo gaúcho.
Nos anos 1990, a Sinagoga, sede da Sociedade Beneficente Israelita de Santa Maria, passou por uma restauração. Hoje, recebe judeus de várias partes do país, a maioria, militares e estudantes que vêm até a cidade passar um período e buscam acolhimento na entidade.
José Quintana Jr, [email protected]
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