desabastecimento

Região Leste de Santa Maria sofre com falta de água com frequência

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style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Renan Mattos (Diário)

A região leste de Santa Maria cresceu, e muito, nos últimos anos, o que levou a uma crescente demanda de serviços essenciais de infraestrutura naquele entorno que concentra uma população estimada de 60 mil pessoas. Desde a semana passada, a região enfrenta dias de calor e de torneiras em duas situações: seca ou com baixa pressão. O problema tem causado muita dor de cabeça e irritação por parte dos moradores. 

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De acordo com a própria Corsan local, foram, ao menos, duas situações que desencadearam esse cenário que atingiu diretamente cerca de 10 mil pessoas, segundo a companhia informou à reportagem. No primeiro deles, ainda na semana passada, houve uma queda no fornecimento de energia elétrica (em um dia de pico de temperaturas elevadas) para bombear água, o que gerou torneiras secas para moradores dos bairros Camobi, Novo Horizonte, Cohab Fernando Ferrari, São José, Maringá, Zilda Arns, Cerrito, entre outros, na última sexta-feira. Já a segunda situação, e que agravou a falta de água, ocorreu na segunda-feira à tarde. Segundo a companhia, o chamado distribuidor leste (situado na Avenida Oswaldo Cruz) que abastece, entre outros, o Bairro Camobi, rompeu-se. 

- Ainda na sexta, tivemos alguns lapsos de energia elétrica no bombeamento, o que reduziu a pressão nas redes. E dependendo da localidade, ele (o bairro) pode ser afetado por um pouco mais de tempo. De ontem para hoje (de segunda para terça) houve um rompimento na Avenida Osvaldo Cruz, que abastece Camobi. Isso afetou um número maior de economias - resume Andreia Zanini, chefe da unidade local da Corsan.

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Ela explica que as equipes da companhia trabalharam, durante a madrugada de ontem, para resolver o problema. Ainda assim, enquanto os serviços são feitos, há necessidade das chamadas manobras de rede - entre elas, o fechamento de registros. Além disso, em decorrência de as tubulações serem grandes, a água demora para chegar às torneiras, justifica Andreia. 

Situação que é vivenciada, na prática e no dia a dia, pela família Rolim. Na tarde de terça, a reportagem conversou com a estudante Lisania de Almeida Rolim, 31 anos, que foi enfática ao dizer que o problema da falta de água se estende por anos. Moradores da Cohab Fernando Ferrari há mais de três décadas, eles tiveram que criar outras formas para contornar o infortúnio. A família precisou instalar uma segunda caixa d'água, que é alimentada pelo fluxo que vem da rua, e fica de reserva para essas emergências. No entanto, esse reservatório só alimenta a pia da cozinha e uma mangueira que fica no pátio. Por isso, eles criaram um chuveiro improvisado com a ponta de uma garrafa pet, que permite que eles consigam, pelo menos, tomar banhos gelados.

- Às vezes, ficamos vários dias sem água. Faz mais de uma semana que não posso lavar roupa porque a máquina não enche, e só conseguimos tomar banho de bacia ou no pátio - conta Lisania.

A estudante também relata que, há alguns anos, o problema havia dado uma trégua e estava suportável. Porém, com a construção dos condomínios Monte Bello (perto da Cohab), o desabastecimento voltou a ser frequente e, mais recorrente, no verão. Eram, até ontem, 10 dias de água a conta-gotas.

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PROMESSA
Segundo o superintendente regional da Corsan, José Epstein, ainda nesse mês será dado início a uma obra junto à Cohab Fernando Ferrari. Epstein explica que os serviços consistem, basicamente, em fazer uma intervenção para interligar a parte mais alta da Cohab (que fica perto da caixa d'água) à estação de bombeamento do Monte Belo. Isso deve solucionar o crônico problema de quem mora na parte mais elevada do bairro. 

Até porque a Cohab Fernando Ferrari é conhecida por ser a primeira localidade, da região leste, a ficar sem água e a última a ter o abastecimento normalizado. Outra obra, já em execução e que deve ajudar a região leste, é a ampliação da Estação Colônia (que fica aos fundos da UFSM). Iniciada em novembro, ela deve ser entregue agora em janeiro. O saldo dessa obra é a viabilidade de um anel de distribuição de água. Ou seja, haverá mais água aos moradores por meio do aumento do diâmetro da tubulação.

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MAIS UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO
A Corsan dará início no próximo mês à implantação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) junto ao loteamento Estação dos Ventos, no Bairro Km 3. A obra, a um custo de R$ 1,5 milhão, será executada pela Sul Cava Construções e foi publicada, ontem, no Diário Oficial do Estado. Os serviços, uma vez iniciados, beneficiarão 400 unidades habitacionais. O local recebeu, nos últimos anos, obras por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). 

Foram executados vários serviços como os de pavimentação de ruas com revestimento primário (sem asfalto), drenagem pluvial, rede elétrica, meio fio e rede de água. A companhia projeta que em 6 de janeiro sejam iniciados os serviços que devem ser concluídos em até seis meses. O aporte de R$ 1,5 milhão é da própria Corsan. Hoje o esgoto sem tratamento gerado por essas residências acaba sendo lançado direto nas águas do Rio Vacacaí-Mirim. 

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NÃO HÁ MULTA POR ROMPIMENTO
Desde a renovação contratual entre a prefeitura e a Corsan, em março de 2018, o Executivo municipal já aplicou R$ 2,3 milhões em multas à companhia por descumprimento de cláusulas no novo contrato. Contudo, não ficou pactuado, entre as partes, que eventuais rompimentos de adutoras fossem motivo de penalização em valores. A procuradora jurídica do município, Rossana Boeira, explica que há dois motivos para isso. Um, de caráter técnico, e, outro, de ordem legal, para se ter feito essa escolha: 

- Não se arbitra multa simplesmente por rompimento de adutora. O contrato prevê multa de 0,05% do faturamento da companhia no mês anterior, mais R$ 50 mil por dia de desabastecimento, que perdure além das 24 horas iniciais. Porém, neste caso concreto, a própria cláusula contratual excetua casos de rompimento de adutora. Assim, não cabem as multas diretas do contrato se o desabastecimento superar as primeiras 24 horas. Apenas comprovando-se a culpa da concessionária é que poderiam incidir as penalidades contratuais (advertência e multa). Por questões técnicas, e de acordo com as normas regulamentadoras, normalmente a execução de conserto deste porte, demandará mais de 24 horas, e ainda considerando-se a gravidade desta situação e as consequências para a população.

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Rossana diz que a Superintendência de Monitoramento e Fiscalização dos Serviços de Água e Esgoto acompanha de perto e de forma rígida o cumprimento do contrato, renovado por cinco anos (podendo ser prorrogável por mais 30). Ela pontua que, mesmo com uma estrutura enxuta (são só três servidores na superintendência), são feitos levantamentos in loco (com registros fotográficos) dos problemas relatados pela população. Ela conta que, na semana passada, foram feitas 20 notificações junto à Corsan por demandas de problemas de serviços de abastecimento e de pavimentação.   

RESERVATÓRIOS
Epstein diz que há nos planos da companhia um estudo de concepção para a construção de, ao menos, três grandes reservatórios de água em áreas a serem definidas, para melhorar o serviço. Porém, ainda não há projetos executivos sobre isso. Segundo ele, o investimento será milionário. 

*Colaborou Luiza Oliveira

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