Pelo menos quatro pessoas de Santa Maria devem ser indiciadas na segunda fase da Operação Medicaro, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF). Além do funcionário da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS), preso na manhã de quinta-feira, dois advogados e dois intermediários da fraude poderão ser indiciados. Duas pessoas envolvidas seriam funcionárias do vereador João Carlos Maciel (PMDB), preso também na quinta-feira, durante a operação e solto na madrugada de sábado.
Na sexta-feira, a polícia cumpriu um mandado de busca e apreensão no gabinete do político. Segundo o delegado Rafael França, que conduz as investigações, os envolvidos poderão ser indiciados por estelionato contra a União, falsificação de documento público, falsificação de documento particular, falsidade ideológica e formação de quadrilha. A pena pode chegar a 21 anos de prisão. Outras pessoas ainda são investigadas, como os donos de três farmácias que participavam do esquema.
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O procedimento era sempre o mesmo: depois que tinham o acesso a medicamentos negados por um funcionário da 4ª CRS, pacientes eram orientados, pelo mesmo funcionário, a procurar uma das farmácias envolvidas. Um estabelecimento fornecia três orçamentos de três farmácias diferentes. Os pacientes também eram orientados a procurar pelos advogados envolvidos no esquema. Os valores eram superfaturados, e o lucro era dividido entre farmácia, advogados e intermediários. Os pacientes realmente precisavam da medicação, desconheciam o esquema e não tinham lucro algum.
_ Esse funcionário (da 4ª CRS) era a grande chave do esquema _ diz França.
O delegado explica que o caso existe, pelo menos, desde 2010. A investigação partiu da Procuradoria Geral do Estado (PGE), em função do número de processos judiciais por medicamentos em Santa Maria. Enquanto o município lidera o ranking com 11 mil processos, Porto Alegre tem 5 mil. Estima-se que, somente no ano passado, cerca de R$ 8 milhões foram destinados à compra de medicamentos. Pelo menos 10% do valor teria sido lucrado pelos envolvidos no esquema.
Em nota oficial, a Secretaria Estadual de Saúde e a PGE informaram que todas as informações foram repassadas à polícia, a fim de contribuir na apuração dos fatos e que estão empreendendo esforços para garantir a entrega e manutenção regular dos medicamentos.
OAB vai apurar
Seis representantes da Ordem dos Advogados do Brasil de Santa Maria (OAB) acompanharam a PF no cumprimento dos mandados na quinta-feira. A instituição deve acompanhar a apuração dos fatos, em relação aos advogados envolvidos na fraude. Os nomes deles e dos outros envolv"