Duas resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM) prometem melhorar os atendimentos em serviços de urgência e emergência de serviços públicos e privados. Os principais destaques para as resoluções são a adoção do sistema de classificação de risco dos pacientes e para o tempo máximo de espera, entre a triagem a consulta, que não deve passar de duas horas.
Mesmo que as resoluções não sejam obrigatórias, as instituições que prestam este tipo de atendimento prometem se adaptar para melhorar o atendimento. Com a classificação, os pacientes cujos casos não são graves podem ser encaminhados para outros locais de atendimento para que não passem longas horas aguardando a consulta médica.
Mas, na prática, o sistema parece não estar esclarecido aos usuários, que cansam de esperar e não têm certeza se devem buscar atendimento em outras unidades ou aguardar, mesmo que demore. É o caso de Amilton da Silva Adelcino, 31 anos. No último domingo, ele viajou com o filho, Lúcio Gabriel, 11 meses, de Dilermando de Aguiar, onde moram, para consultar no Pronto-Atendimento do Patronato, em Santa Maria. O menino tinha dor de garganta e febre.
- Chegamos às 15h, mas o meu filho foi atendido quase 19h. Não quero mais voltar. Ele seguiu com febre e, no outro dia, levei ele para São Pedro do Sul e paguei uma consulta particular - diz o pai.
A secretária municipal de Saúde, Vânia Olivo, explica que 80% dos casos que chegam aos PAs de Santa Maria poderiam ser atendidos em outros locais:
- O paciente sairá dos PAs da Tancredo, do Patronato e da UPA com encaminhamento. O profissional deve contatar outra unidade para agendar o atendimento. É um processo de reeducação.
No Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), a situação é parecida: muitos dos atendimentos poderiam ser feitos em postos de saúde e não necessariamente seriam casos de urgência.
- Estamos concluindo uma pesquisa de satisfação que diz que 90% dos nossos usuários do pronto-socorro dizem não gostar da espera pela consulta, mas que estão satisfeitos com o atendimento - diz Suzinara Beatriz Soares de Lima, chefe da divisão de enfermagem do Husm.
AS RESOLUÇÕES
As resoluções têm como principal objetivo melhorar o fluxo nos serviços de atendimento de urgência e emergência:
- Classificação - Os serviços devem adotar a classificação de risco dos pacientes. Na maioria das instituições, é usado o Protocolo de Manchester, que usa cores. A classificação deve ser imediata e cabe à instituição determinar o número de profissionais classificadores para garantir a agilidade no serviço
- Cores - Vermelho corresponde a casos de emergências e pacientes que devem ser atendidos imediatamente. Laranja é para casos muito urgentes, com, no máximo, 10 minutos de espera. Amarelo é para até 50 minutos de espera. Verde, para casos pouco urgentes, que não devem passar de 120 minutos de espera. Há, ainda, a classificação azul, para casos não graves e que podem ser encaminhados para outras unidades de saúde
- Internação - Nenhum paciente deve permanecer mais que 24 horas em um serviço de urgência ou emergência. Depois que chegar ao limite, ele deve ter alta ou ser transferido para um hospital
- Obrigatório - Já existem projetos de lei para que o tempo de espera seja de, no máximo, uma hora e seja obrigatório, mas ainda não foram aprovados pelo Congresso
O QUE DIZEM
Veja o que dizem os responsáveis por pronto-socorros de Santa Maria:
- Husm - De acordo com a chefe da divisão de enfermagem, Suzinara Beatriz Soares de Lima, a classificação de risco dos pacientes do pronto-socorro não é utilizada, mas o sistema deve voltar com a nomeação de novos funcionários. Os pacientes considerados graves já são atendidos rapidamente. Só passam das duas horas de espera pacientes considerados não graves ou pouco grav