O compartilhamento de informações ajuda as pessoas a se comunicarem, mas, se não é feito de maneira responsável, pode causar problemas e até gerar situações de pânico. O psicólogo, sociólogo e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Francis Moraes de Almeida explica esses fenômenos como "comunicação humana", em que, para as pessoas, não é normal averiguar se a informação é verdadeira.
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No caso das mensagens que informavam que agentes de saúde da prefeitura de Santa Maria estariam infectando as pessoas com o vírus HIV, Almeida diz se tratar de lenda urbana antiga, dos anos 1980. Já sobre as possíveis ameaças de ataque com armas à escola e ao campus da URI-Santiago, que resultou na prisão de uma pessoa, e de uma brincadeira de alunos com o mesmo tema em Jaguari, o psicólogo descreve como boatos, que geram "pânico moral". Esse é um conceito da sociologia para definir a reação de um grupo de pessoas baseada na percepção falsa de que o comportamento de outro grupo ou pessoa é perigoso ou representa ameaça à sociedade.
DIFERENÇAS
A disseminação de informações sem verificar a veracidade, de acordo com o professor, pode ser resultado de três tipos de situação: boatos, lendas urbanas e as fake news. Nos casos citados antes, Almeida não classifica as histórias como fake news, pois nenhuma teve o intuito de imitar a forma como a imprensa noticia. Porém, reforça que essas histórias seguem um padrão de credibilidade para quem as compartilha:
- As pessoas, às vezes, confiam muito mais em um amigo, um parente, do que em uma fonte oficial, um jornal, um comunicado do governo. E há quem compartilhe a informação mesmo com dúvida, com o pensamento de "melhor passar adiante. Vai que é verdade", porque a história, por mais absurda que pareça, se torna crível. E esse passar adiante existe desde sempre, mas potencializou muito com o advento das redes sociais.
Para Francis, o ideal seria que as pessoas não repassassem informações sem a certeza da veracidade, mas acredita que será impossível acabar com essa ação, porque envolve crença e o modo como as pessoas se comunicam.