Prejuízo da safra na região pode chegar a 2,5 milhões de salários mínimos

Com uma perda estimada em R$ 3 bilhões na soja, R$ 110 milhões no arroz e R$ 150 milhões no milho, a Região Central deixará de colher o equivalente a R$ 3,260 bilhões nesta safra por causa da forte seca. Essas estimativas foram feitas pela coluna a partir do levantamento parcial da safra divulgado pela Emater Regional. Para dar uma noção do que isso significa para a economia regional, esse valor, que deixará de ser colhido devido à quebra na produtividade, representa o equivalente a 2,5 milhões de salários mínimos.

Também a título de comparação, com esses R$ 3,260 bilhões, seria possível comprar 40.625 carros populares, ao preço de R$ 80 mil cada. Ou 16.250 apartamentos de R$ 200 mil cada.

Claro que nem todo esse dinheiro, que foi perdido por causa da seca e que deixará de ser “colhido”, seria gasto só com carros ou imóveis. Porém, dá uma ideia de como a seca vai impactar no consumo das cidades da região, muitas delas bem dependentes da agricultura.Para o professor de Economia Matheus Frozza, é comum haver alguma quebra nas safras, mas chama a atenção que o prejuízo da safra atual é muito elevado. Segundo ele, pesquisas apontam que 50% a 60% dessa receita da safra voltaria a circular nas cidades da região em forma de consumo, que será duramente afetado.

— Isso, de fato, traz muito impacto. Desde a compra de ração e contratação de mão de obra, que serão menores, reforma do motor que deixa de ser feita. O agricultor deixa de fazer investimento na troca do veículo ou na compra de um imóvel, adia uma reforma da casa, deixa de fazer uma festa ou de viajar de férias. Como aqui na cidade, temos muitos filhos de agricultores de regiões produtoras, ou vai adiar a vinda do filho para Santa Maria, ou virá estudar com restrição de gastos para consumo. Gastará menos com aluguel, comprará menos roupa. Afeta até na educação. Em cidades como Tupanciretã e Júlio de Castilhos, mais dependentes da agricultura, afeta até na arrecadação do município. O PIB do Estado está sendo impactado por essa quebra na safra — diz Frozza.

Na segunda-feira (24), a Secretaria Estadual da Fazenda divulgou que a arrecadação de impostos estaduais teve uma queda real de 14% no 1º trimestre, em relação aos três primeiros meses de 2022.

Estimativas na Região Central

Previsão inicial de receita no início da safraCom a quebra, a receita prevista agoraQuanto deixará de ser colhidoSojaR$ 7,1 bilhõesR$ 4,015 bilhõesR$ 3 bilhõesArrozR$ 1,5 bilhãoR$ 1,390 bilhãoR$ 110 milhõesMilhoR$ 265 milhõesR$ 115 milhõesR$ 150 milhõesTOTALR$ 8,865 bilhõesR$ 5,52 bilhõesR$ 3,260 bilhões