Por que envelhecemos?

A gerontologia, definida resumidamente como o estudo do envelhecimento, é uma ciência relativamente nova. Entretanto, desde sempre o homem se pergunta por que envelhece e tenta encontrar a fonte da juventude. Durante muito tempo, os cientistas buscaram uma teoria que explicasse o envelhecimento, mas chegou-se à conclusão que é um processo de interação complexa entre química, fisiologia, genética e comportamento. Assim, hoje existem dezenas de teorias e subgrupos de teorias que tentam explicar o processo de envelhecimento. O professor Dr. Marco Aurélio Acosta, estudioso do envelhecimento na UFSM, prefere o termo “argumentos científicos” a teorias, com o que concordo plenamente. Dentre tais argumentos científicos, comento alguns mais gerais e conhecidos, os quais o professor Marco aprofunda em sua coluna.

Argumento da programação

Sugere, de forma geral, que o corpo é desenhado para envelhecer e que há uma certa linha de tempo para isso, com a ideia de que envelhecer é natural e programado. Assim, o envelhecimento seria causado pelo desligamento de alguns genes e outros sendo ligados, ou por mudanças hormonais ao longo do tempo causadas por um “relógio biológico”, ou ainda porque o sistema imunológico declina deixando as pessoas mais suscetíveis a doenças. O envelhecimento seguiria um cronograma biológico influenciado por fatores internos, mas passível de alterações em razão de fatores externos.

Argumento dos danos ou erro

Considera que os prejuízos cumulativos sofridos pelo organismo seriam a causa do envelhecimento, isto é, o ambiente causaria danos aos sistemas corporais. De acordo com este argumento, as células simplesmente se desgastam devido ao uso, ou quanto mais rápido o corpo utiliza o oxigênio, menos vive. Além disso, a liberação dos chamados “radicais livres” que são moléculas altamente instáveis e reativas, causariam danos e morte celular. É sabido que estilo e vida, drogas, fumo e tipo de dieta podem acelerar a formação destes radicais livres.

Argumento genético

Estudos têm demonstrado que a genética tem um papel significativo no processo de envelhecimento. Em pesquisas com ratos, por exemplo, ao se retirar alguns genes de determinados órgãos, houve aumento do tempo de vida. Pesquisas com células-tronco também têm tido bons resultados, melhorando a capacidade respiratória e qualidade de vida de idosos. Então, supõe-se que há genes de longevidade e que as células-tronco podem se adaptar para suprir outras células do corpo, combatendo a fragilidade causada pelo envelhecimento.

Argumento bioquímico

Segundo este argumento, independente dos genes herdados, o corpo passa constantemente por complexas reações bioquímicas. Algumas destas reações causariam danos e, consequentemente, o envelhecimento. Estão incluídos neste argumento a formação de radicais livres, a ideia de que o excesso de açúcares na corrente sanguínea pode alterar a função de proteínas, modificações hormonais que causariam alterações nos sistemas orgânicos e, ainda, que os sistemas de reparação de DNA celular vão se tornando menos eficientes, proporcionando danos graduais na célula.

Comportamentos antienvelhecimento

A boa notícia é que várias das possíveis causas do envelhecimento, que podem estar ocorrendo de forma prematura, podem ser modificadas, retardadas e até mesmo evitadas através de alguns comportamentos e do estilo de vida. Muitos estudos já comprovaram que ter uma alimentação adequada e rica em antioxidantes, realizar atividades físicas regularmente, controlar níveis de colesterol, triglicerídeos, pressão arterial e glicemia e manter-se intelectualmente ativo, são atitudes e comportamentos essenciais para desacelerar o envelhecimento. O processo de envelhecer é inevitável, mas envelhecer com saúde e qualidade de vida, não.