PLURAL: educar não é treinar

Redação do Diário

A coluna Plural deste final de semana traz textos de Pedro Lecueder Aguirre e Valdo Barcelos sobre o tema Educação. Os textos da Plural são publicados diariamente na edição impressa do Diário de Santa Maria. A Plural conta com 24 colunistas.

Valdo BarcelosProfessor e escritor-UFSM

Educar é criar espaços de convivência para as crianças de forma que se sintam tão legítimas quanto os (as) adultos com os quais convivem. A criança se transformará na convivência com os adultos segundo a legitimidade que estes lhe conferirem nessas relações. Se a criança conviver com adultos intransigentes, ela aprenderá a ser intransigente; se conviver com adultos generosos, ela será um adulto generoso, se conviver na competição terá uma vida marcada pela competição.

Importante ressaltar: não existe a tão falada competição sadia. O motivo é simples: a competição é a negação do outro. Há que educar as crianças para devolverem à comunidade aquilo que dela receberam e não para viver na competição. Esses aprendizados não acontecem como algo externo, mas, sim, como um modo de viver e de conviver. Assim entendendo o educar, não são os exemplos que educam, mas, sim, o participar de fazeres no fluir do viver em relações de respeito, de acolhimento, de deixar aparecer, de aceitação mútua, enfim, em relações orientadas pelo amar. O educar é como uma dança em que dançam harmoniosamente o educando (a) e a (a) educador (a).

Se a criança sai da escola agressiva e competitiva é porque viveu um espaço de luta na escola. Isso não quer dizer, necessariamente, que o professor(a) tenha sido agressivo, mas, sim, que tenha, sutilmente, tomado a agressividade, a luta e a competição como formas legítimas no viver e conviver. Resumindo: aprendemos o mundo que vivemos e fazemos isso no viver/conviver com o outro. Mas como aceitar o outro como um outro legítimo? É simples. Basta que aceitemos a sua legitimidade, sem exigências e sem expectativas que o julguem ou façam cobranças. Por exemplo: se vemos uma criança como boba, como incapaz para fazer algo, essa forma de agir vai fazer com que a criança perceba que a estou negando, que não estou a reconhecendo como alguém capaz de realizar tarefas por alguma incapacidade.

Agora, se entendo que a criança não está fazendo algo de maneira que quero porque não tem conhecimento de como fazer isso de forma adequada, estarei demonstrando que o que ocorre é que a criança não tem prática nesse fazer e isso não tem que ver com seu ser, mas, sim, com a falta de viver e conviver com esse fazer. Portanto, o que podemos fazer no processo do educar é corrigir – quando isso se fizer necessário – o fazer e não o ser da criança. Ao corrigir a criança, estaremos promovendo sua negação, no entanto, se corrigirmos o fazer estaremos aceitando essa criança como legítima e ela entenderá isso na nossa relação. Educar é amar, ou, não é educar.

Leia o texto de Pedro Lecueder Aguirre

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