Foto: Vinicius Becker (Diário
O sistema de transporte coletivo de Santa Maria pode entrar em colapso ainda em dezembro, segundo a Associação dos Transportadores Urbanos (ATU). A entidade, que representa as empresas de ônibus da cidade, informou ao Conselho Municipal de Transportes que não tem recursos para pagar o 13º salário e o tíquete alimentação dos trabalhadores. As empresas afirmam que dependem do valor referente ao subsídio, estimado em R$ 15 milhões, que não foi repassado pela prefeitura neste ano. Uma das sugestões da ATU é reduzir em 35% a operação no município.
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O alerta foi tema central da reunião do Conselho realizada na manhã desta quinta-feira (11), na sede do Sindicato dos Trabalhadores e Condutores de Veículos Rodoviários de Santa Maria e Região (Sitracover). Participaram membros do colegiado, representantes da Secretaria de Mobilidade Urbana, da Secretaria de Infraestrutura e do setor de Licitações. Após o debate, o conselho oficializou a situação ao poder Executivo ainda na tarde de quinta e pediu uma reunião de urgência com o prefeito Rodrigo Decimo (PSD). Segundo o vice-presidente do Conselho Municipal de Transportes, Rodrigo dos Santos, a situação é inédita:
— Os operadores informaram que não têm capacidade financeira de pagar o 13º e o tíquete. Nunca na história de Santa Maria deixaram de cumprir com essa obrigação, mas agora a situação está insustentável. O Sintracover alertou que, se isso não for resolvido, será o caos para o transporte público. Há risco real de greve – afirmou.
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Menos ônibus nas ruas
Segundo Santos, o cenário financeiro das empresas é crítico. As empresas argumentam que, em 2024, foram R$ 21 milhões destinados ao subsídio e, neste ano, faltariam R$ 15 milhões para o serviço, tornando-se uma pendência da prefeitura com as empresas. Após a reunião, o diretor da ATU, Edmilson Gabardo, falou sobre as propostas para que o serviço seja mantido:
– Tem várias sugestões que fizemos ao município. A primeira é que eles paguem o subsídio conforme a lei determina. A redução em 35% da operação também está entre elas. Teríamos que adotar em regime de urgência, para as empresas não falirem.
Avaliação da proposta
Já o conselho refuta a proposta. Na perspectiva de Rodrigo, ele não aceita qualquer redução de operação e que a prioridade é aumentar linhas, ampliar horários e retomar os ônibus da madrugada, retirados durante a pandemia e nunca restabelecidos:
— Quem precisa do transporte à noite não tem como voltar para casa. Isso não pode continuar. Se reduzirmos o sistema, aí sim será o fim do transporte público.
Licitação
Após a reunião, o vice-presidente do conselho ainda indicou que o prazo para a licitação do transporte coletivo foi prorrogado. De 22 deste mês, para uma data posterior a fevereiro de 2026. E que também foi solicitado à prefeitura uma audiência pública em 2026, aberta à comunidade, para discutir o edital.
O conselho espera que o município inclua no orçamento de 2026 recursos para garantir subsídio permanente e que o processo licitatório seja reformulado conforme as necessidades da cidade:
— A licitação é para 20 anos. Ela precisa prever modernização, corredores, troncalização e compromissos de descarbonização. Não podemos aceitar uma licitação que seja apenas tomada de preços, sem inovação, sem melhorias e sem planejamento – destaca Santos.
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