Mais uma vez, o governo federal escolheu os servidores públicos do Executivo como os bodes expiatórios pelo déficit na área econômica do Brasil. O reajuste salarial da categoria vai ser adiado de 2018 para 2019. Um Plano de Demissão Voluntária (PDV) está a caminho e outras ações devem ser anunciadas para conter o que o governo chama de ¿despesas obrigatórias¿. A decisão de Temer e de seus aliados respinga em Santa Maria e na região. Alguns esquecem ou ignoram que a massa de servidores públicos, sejam eles federais, estaduais e municipais, é que movimenta a economia local e regional.
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Outros acusam os trabalhadores da esfera pública de privilegiados, preguiçosos e até vagabundos, mas adoram quando seus estabelecimentos recebem recursos do funcionalismo público por compras, serviços ou aquisições de bens. Que estupidez provinciana.Os mesmos que criticam e batem nos servidores públicos são os primeiros a acessarem os editais de concursos para ver quais as vagas que estão abertas. Uma dicotomia de opinião: ¿Bato no serviço público, mas quero entrar nele¿.
Boa parte vai para a rua protestar contra a corrupção, vestida de verde e amarelo, mas sonega impostos, comete infrações, quer levar vantagem em tudo e trata a empregada, o jardineiro, o porteiro etc como meros serviçais. Também acham que os filhos das classes menos favorecidas devem seguir o caminho dos pais, ou seja, servir à elite dominadora, sem direito à educação, saúde e segurança, premissas básicas que qualquer governo responsável deveria oferecer. Aliás, defendem o estado mínimo, fraco, quase inoperante e longe da população que mais precisa. São contrários aos projetos sociais e de inclusão dos necessitados a uma vida mais digna. Veem no trabalhador, chamado de colaborador na modernidade, uma mera ferramenta de execução das atividades na empresa. Mas deixo claro: não sou contra o empresariado.
Conheço, respeito e admiro muitos empresários, pois enxergam e valorizam a força trabalhadora como parceira no crescimento e no avanço dos seus negócios e na geração de trabalho de renda para quem busca emprego. São ousados e acreditam em novos empreendimentos, mesmo em um cenário de muitas dúvidas na economia e na política. Não ficam acomodados e fazem investimentos com coragem e determinação. Vão contra uma parcela que opta por fechar lojas, demitir empregados e alugar imóveis para grandes redes de fora. Lamento o pensamento rústico e retrógrado de algumas lideranças empresariais e até sindicais diante da crise econômica.
É inadmissível que Santa Maria, tida como polo comercial regional, não tenha suas lojas e supermercados liberados para abrir durante todos os dias da semana, e dependa de acordos prévios entre as partes envolvidas. A regra é simples: comércio aberto, chance de venda. Comércio fechado, venda zero. Estou curioso para ver como vai ser o funcionamento semanal do novo shopping da cidade, em consonância com a legislação em vigor no município.
O desenvolvimento de Santa Maria e da região passa por uma nova mentalidade de empreendedores, na qual empregadores e empregados precisam estar cientes das suas funções e responsabilidades, com visão de futuro e justiça social. Isso passa também pelas ações dos governos federal, estadual e municipal. Não é reduzindo e/ou parcelando salários, adiando reajustes e incentivando demissões que a economia vai sair do buraco. Os servidores públicos e aqueles que atuam na iniciativa privada não podem pagar a conta do custo Brasil sozinhos.