Junto às urnas – essas pela primeira vez, adaptadas com modelo que traz recursos de acessibilidade e apresentação de um intérprete de libras na tela para indicar quais cargos estão em votação –, o voto público a partir dos 16 anos aos que ultrapassaram os 100 (somente em Santa Maria são 434 pessoas aptas nesta faixa etária) terá o mesmo peso. O que muda é quantidade de vezes que a tecla confirma for clicada. Mesmo que a obrigatoriedade da votação seja entre 18 e 69 anos, a participação de pessoas fora dessas idades ou mesmo um cenário de abstenção podem eleger ou tirar um candidato da disputa. Cada voto é fundamental.
– É por meio do voto que iniciamos uma relação de representação política que necessita, cada vez mais, ser acompanhada de perto pelo eleitor no sentido dele acompanhar, cobrar e pressionar os seus representantes no processo decisório. Sem isso a democracia lentamente se empobrece, perdendo o seu significado mais expressivo: a participação política contínua. Esse ponto é de extrema importância porque acaba sendo sugestivo quanto ao que podemos observar no pleito de 2022. Do ponto de vista da principal disputa majoritária, a presidência, temos eleições polarizadas com dois candidatos em condições de agregar as preferências políticas nacionais em torno de projetos diferentes de poder – observa Bruno Silva, cientista político e diretor de projetos do Movimento Voto Consciente.
POLARIZAÇÃO
A polarização política não é novidade no histórico de disputas eleitorais desde a redemocratização. Em todos os pleitos, desde 1989, o fenômeno que opõe duas candidaturas com visões distintas sobre o papel do Estado, do mercado e das políticas públicas. Bruno Silva lembra que essa polarização acabou se dando de modo estruturado entre 1994 a 2014 entre petistas e tucanos. Nas últimas eleições, em 2018, um dos polos, o pertencente aos tucanos nas últimas décadas, acabou sendo ocupado pelo atual presidente. Isso se deu em função de diferentes fatores: desgaste da classe política frente ao avanço da Lava Jato à época; prisão da principal liderança política, Lula; desejo de mudança radical pela maioria da sociedade. Isso foi tão evidente que para onde olharmos o pleito de 2018 foi marcado por transformações.
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RENOVAÇÃO
No Senado a renovação foi na casa de 85%, na Câmara dos Deputados ficou em 47,3% e, dentre os 20 governadores que tentavam reeleição naquele ano, apenas 10 conseguiram se reeleger.
– Em muitos Estados estreantes na política acabaram vencendo os Executivos estaduais. É o caso de Zema em Minas, Moisés em Santa Catarina e Wilson Witzel no Rio de Janeiro. O chamado posteriormente “bolsonarismo” varreu as urnas em 2018. O cenário em 2022, a julgar pelas pesquisas de intenção de voto até aqui e o que tem sido observado em termos de distribuição dos recursos eleitorais para financiamento de campanha, a probabilidade é muito alta para que tenhamos eleições com políticos mais experimentados e taxas de reeleição maiores. Dos 20 governadores que buscam a reeleição nesse ano, 19 deles lideram as sondagens de pesquisas eleitorais, vindo a se tornar novamente governadores. No Legislativo, a tendência é que a taxa de reeleição seja maior, a julgar pelas candidaturas que tem recebido mais recursos de campanha e que, consequentemente, acabam tendo mais visibilidade perante o eleitorado. O fato é esse: parece ser uma eleição caracterizada por um retorno da política dos políticos. A pergunta de milhões a essa altura do campeonato é : teremos ou não segundo turno? A conferir o que o povo, verdadeiro soberano dessa história toda, irá nos mostrar – sentencia o cientista político.
Independentemente do partido, escolha ou liberdade expressão, que a democracia se faça valer e abarque todas as diferenças do povo, pois discriminar os diferentes é um crime previsto pela legislação brasileira. Em Santa Maria, no Estado e pelo país, que o voto seja amparado na consciência política e no respeito.
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