"Queremos pessoas que queiram multiplicar cuidado"; convida integrante do Famílias Acolhedoras

Fotos: Beto Albert (Diário)

Em dois anos, quatro crianças de Santa Maria e região puderam ter uma experiência mais próxima e com vínculo durante o período de afastamento das suas famílias de origem. Ao invés de ir para uma casa de acolhimento, foram para um lar temporário viabilizado pelo serviço Família Acolhedora. A equipe da Secretaria de Desenvolvimento Social do município, vinculada ao serviço, está comemorando o marco desses dois anos e trabalha para ampliar as famílias cadastradas, para que mais crianças e adolescentes tenham experiência semelhante. 

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Para a celebração, será realizado o evento ‘Famílias Acolhedoras: ampliando o conceito de amor e criando laços que fazem a diferença’ nesta segunda-feira (25), das 8h ao meio-dia, na Câmara de Vereadores, Rua Vale Machado, 1.415, Centro. O evento é gratuito, e as inscrições devem ser feitas no site da prefeitura. 

O que é família acolhedora?

São famílias que, previamente selecionadas e habilitadas, acolhem em suas próprias casas crianças e adolescentes até que retornem às suas famílias de origem, ou caso esse retorno não seja possível, até que sejam encaminhadas à adoção. E, diferentemente da adoção, é uma medida temporária, um lar transitório, onde passam o menor tempo possível com as famílias acolhedoras.


O serviço é considerado novo, perto de outras cidades do Estado, como Santo Ângelo, em que há um cadastro reserva de famílias. A gestão entende que o sucesso da iniciativa será atingido quando houver mais crianças em lar temporário, ao invés de estarem em instituições. No município, funcionam três lares – Lar de Mirian, Aldeias Infantil SOS e Nações em Ação, e no momento, são 64 vagas preenchidas, de um total de 70 disponíveis.   

– Nosso primeiro ano foi apresentando o projeto. Quatro crianças passaram por famílias, e esse número devia ser majoritariamente maior. Queremos pessoas que queiram multiplicar cuidado – destaca a assistente social do projeto, Janaina Schimitt Procópio. 

Janaina Schimitt.

As crianças e os adolescentes que chegam ao projeto são encaminhada via decisão judiciária. Saem de suas famílias após ter seus direitos violados, como negligência e violência. 

Um serviço com início, meio e fim

Na sala da família de Cassinelli Haetinger, 45 anos, são quatro fotos penduradas com o registro da infância de seus filhos. Os mais velhos residem fora. Atualmente, na casa, são ela, o marido Fabricio Zorzella Lamb, 43 anos, a filha Gabrielli, 14, e o neto Otávio Gabriel, 11. No entanto, no último ano, ela vem acrescentando mais integrantes na rede afetiva da família, e multiplicando cuidado.

Os seis anos trabalhando em uma casa institucional implicou na vontade de ser um lar temporário. Com o aceite da família, duas crianças já passaram pela casa. A última ainda está presente.  

Cassinelli e Fabricio, com a pequena de 3 meses, que participa do lar temporário.

–  O que mais me perguntam é sobre o desprendimento de se desvincular da criança. Respondo que eles não são filhos nossos, nós não estamos esperando a adoção. Claro que temos vínculo, não tem como não se apegar, mas sabemos que o que estamos construindo junto com eles é diferente. Penso o tempo todo que estou mudando um grãozinho de areia, e é o que vale a pena no final das contas – explica Cassineli ao indicar que o processo tem suas fases de início, meio e fim.


Família Acolhedora Santa Maria

  • Onde – Rua Astrogildo de Azevedo, 23, 4º Andar, Centro
  • Funcionamento – Segunda a sexta-feira, das 8h ao meio-dia e das 13h às 17h
  • Contato – (55) 3174-1519 e (55) 99158-9378
  • E-mail – familiaacolhedora@santamaria.rs.gov.br

Programação do evento de 2 anos

  • 8h – Credenciamento
  • 8h30min – Solenidade de abertura
  • ​9h – Mesa de abordagens
    Assistente social Daniele Lang Baratto (Famílias Acolhedoras e vínculos)
    Professora Vanelise de Paula Aloraldo (Adolescentes no Acolhimento Familiar)
    Conselheira tutelar Bianca de Maio (Rede de Proteção)​
  • 10h – Coffee break
  • ​10h15min – Os desafios para efetivação do Serviços de Família Acolhedora nos Municípios do Rio Grande do Sul com a Promotora de Justiça Luciara Robe da Silveira – Pelotas/RS
  • 11h –Relatos de vivência: conceito de amor ampliado
    Experiências dos SFA Santa Maria (Famílias Acolhedoras e Famílias de Origem)
  • 12h – Encerramento

Perguntas frequentes

Quem pode ser acolhido?

Crianças e Adolescentes de zero a 17 anos que tiveram seus direitos ameaçados ou violados e receberam medida de proteção através do Juizado da Infância e Juventude.

A psicóloga do projeto Daniela Iramendi, 37 anos, complementa que os adolescentes são em maior número nos casas institucionais, mas o interesse das famílias acolhedoras em receber esse grupo é menor. O objetivo é que essa lacuna seja preenchida no decorrer da iniciativa. 

Por quanto tempo será o acolhimento?

A criança ou adolescente ficará afastado da sua família de origem o menor tempo possível. Todos os esforços serão empreendidos para superar as dificuldades que culminaram no afastamento. Na impossibilidade deste retorno, serão inseridas em família substituta.

Quais os critérios para as famílias que desejam participar?

  • Disponibilidade afetiva
  • Ser maior de idade
  • Estar em boas condições de saúde física e mental
  • Não possuir antecedentes criminais
  • Concordância de todos os membros da família
  • Possuir uma convivência familiar estável e livre de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes
  • Não estar inserido no Cadastro Nacional da Adoção (CNA)
  • Disponibilidade para participar da formação inicial 
  • Disponibilidade de atender os compromissos da criança e adolescente 

Leia mais:

Para as famílias
As famílias recebem o valor de 1 salário mínimo mensal por acolhido. Em casos de algum problema de saúde mental ou deficiência física, esse valor sobe para 1,5 salário mínimo. Invariavelmente, o acolhimento abrange um grupo de irmãos, os quais são acolhidos com a mesma família acolhedora.

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Bibiana Pinheiro

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