O adeus ao mestre das lentes: morre Fritholdo Helmuth Staggemeier

O adeus ao mestre das lentes: morre Fritholdo Helmuth Staggemeier

Charles Guerra, BD, 26/07/2005

Por trás das memórias registradas por suas lentes em quase meio século, o dinamismo profissional e os valores familiares marcaram os 88 anos da vida de Fritholdo Helmuth Staggemeier, que morreu na noite desta quinta-feira (25), em Santa Maria. Ele estava internado há nove dias no Hospital Universitário, mas acabou falecendo após uma hemorragia digestiva e complicações de uma úlcera. Fotógrafo por vocação, ex-militar, cidadão destaque à frente de entidades representativas da cidade e líder no escotismo, sempre incluiu a família em suas atividades.


O velório está marcado para iniciar às 8h desta sexta (26), na Capela E do Cemitério Santa Rita. A cerimônia de cremação está prevista para as 18h.

Nascido na localidade de Passo da Ferreira, no interior de Santa Maria, Staggemeier era filho de agricultores. Ainda pequeno, foi morar com a avó. Residiu em Itaara e, posteriormente, na cidade de Sertão. Já aos 12 anos, trabalhava na fabricação de cadeiras junto do tio. Após retornar a Itaara, quando jovem, aos 18 anos, serviu ao Exército, em Santa Maria.


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Foi no serviço militar que identificaram sua mente rápida e ágil na assimilação das tarefas. Trabalhou na seção de balizamentos de pontarias, fazendo miras de canhões e outras medições. Foi soldado, cabo e sargento.


Depois da saída do Exército, em 1962, ao lado de outros três irmãos, adquiriu o Estúdio Foto Imperial, onde passou grande parte da vida. Sua sensibilidade e olhar aguçado registraram memórias de aniversários, casamentos e eventos sociais por 49 anos. Além de rostos e momentos, registrou locais históricos, como a construção da ponte, na época chamada de Garganta do Diabo - hoje, Vale do Menino Deus. Fotos que fazem parte de sua trajetória enquanto amante da fotografia e também ficaram eternizadas na memória da cidade.


- Quando comecei, eu não sabia nada de fotos. Fiz vários cursos e fui sempre me aperfeiçoando. Prestei muitos serviços de fotografia para o Exército, para a Base Aérea e outros órgãos. Fiz fotos aéreas em que outros fotógrafos não iam porque tinham medo de voar. Eu não tinha - contou ele, em uma entrevista para a seção Com a Palavra, publicada na edição do Diário em 1º e 2 de julho de 2017.


Apesar de acompanhar as novidades de mercado e inovações, o avanço tecnológico e a popularização da foto digital fizeram com que o charme da fotografia, como mencionado por ele, à época da publicação, fosse acabando, e como consequência, o negócio fechou. Câmeras fotográficas, manuais de fotografia e equipamentos foram guardados com carinho e compõem o acervo do fotógrafo que marcou gerações.


- Era uma atividade que eu amava. Não tenho ideia de quantos rostos fotografei. Mas o que me conforta é o respeito que ganhei das pessoas. E o reconhecimento. Até hoje, alguns me encontram na rua e falam: o senhor foi quem fez as fotos do meu casamento. Isso é muito gratificante para mim - destacou Helmuth, como era conhecido, ao jornal daquele ano.


Enquanto empresário e líder entre os lojistas locais, esteve à frente de entidades como a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Santa Maria, por duas gestões, nos finais das décadas de 1980 e de 1990. Em uma delas, foi realizada a reforma e reconstrução da sede, onde funciona até os dias de hoje. Também atuou como presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Santa Maria (Sindilojas) e, ainda, representante do sistema Fecomércio na cidade. Antes, em 1978, participou da criação da Fundação Educacional e Cultural para o Desenvolvimento e o Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura (Fundae) e integrou a diretoria da Confederação Nacional de Empresas de Artes Fotográficas.


Não bastasse sua intensa atuação junto à sociedade santa-mariense a partir da arte da fotografia e das iniciativas enquanto empresário, ainda construiu uma forte ligação com o movimento escoteiro. Foi em 1985, ao levar o filho para grupos na cidade e, depois, junto da Socepe que começou seu envolvimento. Mais tarde, foi convidado a integrar a coordenação e, depois de fazer os cursos necessários, ele e a família passaram a integrar o escotismo de forma permanente.

Aos 88 anos, agora fica eternizado na memória de cada foto já feita e dos momentos vividos ao lado daqueles que amava. Ele deixa a esposa, Lígia Carmen Petry Staggemeier; os filhos Carmen, Rafael e Sandra; e os netos Erika, Nicole, Arthur, Álvaro, Augusto, André e Adriana.

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Claudiane Veber

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