Todos nós, uns com maior, outros com menor ciência ou consciência, percebemos que a descoberta da nossa identidade não é tarefa fácil. À medida que envelhecemos, ganhando ou perdendo anos de vida, nem sempre com sabedoria, vamos descobrindo porções de mistérios ainda não revelados, mas presentes em cada um, ora em vias retas, ora em labirintos desconhecidos. O visível logo chega aos nossos olhos e aos olhos dos que estão ao nosso lado. O desconhecido, não. O “conhece-te a ti mesmo” não seria tão instigante se não trouxesse consigo tantas perguntas. Por isso, andar no próprio quarto, conhecer os seus cantos e recantos, é um dos maiores desafios colocados cotidianamente à nossa frente.
A construção de cada ser humano, a partir da união quase invisível de duas células, importa em unir corpo, inteligência, sentimentos e emoções, que se desenvolvem na sucessão dos dias. O estudo da personalidade leva-nos à busca dos seus componentes, semelhantes em todos, mas únicos em cada um.
Quando iniciamos a caminhada rumo ao conhecimento da personalidade humana, não temos a noção clara do quê e do quanto é exigido para chegar ao objetivo desejado ou pretendido. Há vias amplas, mas há ruelas que desviam o nosso olhar do horizonte desejado.
A pergunta “se conhecemos alguém, ao ouvir o seu nome e sobrenome”, no primeiro momento, pode ocorrer de respondermos afirmativamente ao lembrar o se endereço. No entanto, diante de novas perguntas sobre personalidade, estado civil, profissão, podemos nos dar conta da insuficiência de dados ao nosso alcance. Afirmar que vivemos entre desconhecidos não parece adequado porque a ignorância não nos faz bem, mas demonstrar que sabemos, quando assim não é a realidade, também não é real, nem verdadeiro.
Quem somos, afinal? E quem são, afinal, os que nos circundam? Com poucas ou mínimas informações construímos o perfil dos nossos familiares e interlocutores. Quer experimentar o quanto é verdadeira essa afirmação? Em sala de aula, mais de uma vez, perguntamos aos alunos, após meses de convivência, se conheciam os colegas de classe. Todos, com raras exceções, respondiam afirmativamente, mas, ao tomar uma folha de papel e uma caneta para responder ao pedido, o comportamento era outro, ou seja, vivemos entre desconhecidos…
Cada ser humano é, por isso, um conjunto de perguntas sem respostas à mão. Essa conclusão é construída diante de perguntas gerais pois, se formos levados a perguntas específicas, a realidade é outra, ou seja, ficamos pendurados no pincel. Somos assim!
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