João Gilberto Lucas Coelho: coronavírus em nova fase

Redação do Diário

Confira o texto da coluna Opinião da edição impressa do Diário de Santa Maria deste final de semana.

João Gilberto Lucas CoelhoAdvogado

No domingo passado, 22 de maio, por ato administrativo federal, encerrou-se o Espin – Estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, no território brasileiro. Fim da pandemia de Covid 19? Não. Fim da presença do coronavírus entre nós? Não. Dados o avanço da vacinação, o estágio atual da moléstia e a situação dos serviços de saúde, as autoridades consideraram possível interromper a excepcionalidade institucional decorrente da pandemia, resguardando alguns pontos específicos.

Tal providência de alto significado político e psicossocial somou-se a uma série de decisões adotadas por Estados e Municípios como redução das restrições a circulação, eventos, funcionamento de escolas e empresas etc. Isso acontece num cenário de redução da morbidade e do número de casos de Covid.Polêmicas e divergências continuam, todavia os estudiosos da área sinalizam para dois principais fatores deste amenizar da crise: – o avanço da vacinação, mais de 77% da população brasileira ou 165 milhões de pessoas estão vacinados; – a variante do vírus atualmente predominando é menos letal que as anteriores, embora de rápida propagação.

A combinação dessas duas condições tem levado à redução das infecções e, nos recrudescimentos delas, à presença muito maior de casos leves e até assintomáticos. Mesmo assim, o número de óbitos ainda preocupa e, por exemplo, os internados em UTIs no RS, positivados para Covid, esteve sempre acima de uma centena nos últimos dias.

A sensação do momento é a de que tenhamos de conviver com o coronavírus da mesma forma como o fazemos com os vírus da gripe, quiçá precisando de vacinação anual da população de maior risco. A vida comunitária retorna a algum grau de normalidade. Os encontros acontecem. Voltamos aos eventos coletivos. Música, teatro, cinema, esportes novamente reúnem multidões. A economia, o emprego, a produção reativam-se.

Restam sequelas a administrar. Na saúde, o legado de consequências ainda não totalmente deslindadas em porção significativa dos que um dia foram positivados. Na vida comunitária, o enorme impacto nas relações entre indivíduos e de cada um com grupos sociais. Na educação, o desastre da geração de crianças e jovens atrasada no seu aprendizado e no convívio. Nas atividades econômicas, inflação, falta de produtos e componentes para o processo de fabricação, dificuldades logísticas, elevado número de postos de trabalho perdidos e empresas fechadas. Em cada ser humano possível passivo psicológico.

Como se não bastassem estas heranças severas da fase aguda da pandemia, ainda temos a guerra na Ucrânia e outros desatinos para aumentar as incertezas e os desafios. O que fazer? Precisamos conduzir nossas vidas e atividades com elevada noção de responsabilidade. A pandemia continua: cada um deve cuidar de se proteger e preservar os demais, com equilíbrio. Menos regras e restrições, maior responsabilidade individual.Leia o texto de Eros Roberto Grau

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