com a palavra

João Baptista Barros Neto

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Arquivo pessoal/Em 1991, a prova técnica de blindado na Escola de Material Bélico (EsMB), no Rio de Janeiro

Oficial da reserva do Exército e colecionador de carros antigos, o porto-alegrense João Baptista Barros Neto, 57 anos, começou a trajetória nas Forças Armadas aos 18 anos, no serviço militar obrigatório. Casado com a biológa Lionidas Leal Fernandes Barros, ou apenas Lili, Barros é pai do acadêmico de Odontologia Otto e de Juliana, estudante do 2º ano do Ensino médio. Nesta entrevista, ele compartilha um pouco de suas vivências

Diário - Quais lembranças o senhor tem da infância?
João Baptista Barros Neto - Nasci em 1962. Dessa época, tenho poucas lembranças. Tomava banho, com meus pais, no Rio Guaíba, quando não tinha muro e a água era limpa. Saí de Porto Alegre aos 3 anos, quando nos mudamos para Santa Maria. Eu gostava muito de olhar o desfile militar que passava pela Avenida Presidente Vargas. No início de 1970, meus pais, duas irmãs e eu fomos morar em Cruz Alta, onde meu pai colocou uma fábrica de carimbos e placas luminosas. Trabalhei com ele até 18 anos, quando chegou a época de eu ir para o quartel. Quando dei baixa, voltei a trabalhar com a minha família. Depois, estudei na Escola de Sargentos no Rio de Janeiro. Formado, morei em Bagé.

Diário - Por que escolheu a carreira militar?
Barros - Adorava assistir aos desfiles por causa das via- turas. Além de ver os militares marchando, ficava encantado com o desfile dos blindados, que chamávamos de tanque de guerra. Depois de um ano, percebi o quanto gostava do Exército e decidi ir para a Escola de Material Bélico no Rio de Janeiro. Ao me tornar mecânico, me especializei no que sempre gostei, nos blindados.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Arquivo pessoal/ No registro, a comemoração dos 15 anos da filha Juliana. Com o filho Otto (a partir da esq.), Juliana e Lili

Diário - Como conciliou carreira e família?
Barros - Quando me formei, fui direto para Bagé, onde conheci Lili e me casei. Por duas vezes, fui convidado para servir em Brasília. Disse não nas duas ocasiões porque minha prioridade era ficar com ela. Servi em Bagé por 23 anos. Nunca tive vontade de ser transferido. Estava estabilizado lá. Lili tinha loja e estávamos perto da família dela. No final de carreira, fomos morar em Tefé, no Amazonas.

Diário - Morar no Norte foi uma experiência boa?
Barros - Foi uma experiência intensa. Devido ao calor excessivo, tive dificuldades com a alimentação e, além disso, o sistema de saúde era precário.

Diário - E que desafios profissionais enfrentou lá?
Barros - Por serem poucas pessoas nas unidades, tínhamos muito trabalho. Com isso, chegava antes do expediente e saía muito depois do horário estabelecido. No Amazonas, tudo fluvial. Como eu servia em uma base logística, andava de embarcação pelo Rio Solimões. Éramos encarregados do funcionamento das viaturas, além do carregamento e descarregamento dos navios. E, como mecânico especialista em grandes motores, trabalhei direto nas grandes embarcações. Enfrentei inúmeros desafios. Mesmo assim, morar no Norte foi uma ótima oportunidade de conhecer uma cultura total- mente diferente.

Diário - De onde surgiu a paixão pelos carros antigos?
Barros - Quando eu ainda era menino, lá pelos 8 ou 9 anos mais ou menos, já gostava de carros antigos. Em minha opinião, eles eram bem diferentes dos que circulavam normalmente. Assim, sempre que passava um antigo, eu buscava ler os nomes e, quando não sabia, ficava questionando meu pai para descobrirmos de onde aquele carro tinha vindo. Em 1974, aos 12 anos, durante uma viagem entre Cruz Alta e Passo Fundo, com meu pai, um carro levantando bastante poeira passou por nós. Curioso, fiquei motiva- do a aprender mais a respeito desses veículos. Ah. E acabamos comprando esse da estrada.

Diário - Compraram o carro no mesmo dia?
Barros - Sim. Era um Ford 1940, que, na época, era chamado de Barata. Pulei no pescoço do meu pai para que ele comprasse o carro. Então, ele atacou o motorista e comprou o veículo, ali mesmo, na estrada. A viagem acabou na hora e o proprietário do carro teve que nos levara para casa. Depois disso, essa paixão só aumentou. Veio o segundo carro, depois o terceiro. Meu pai chegou ter 31 carros antigos. Ele teve que comprar um terreno para acomodar a coleção.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Arquivo pessoal/Colecionar veículos antigos é o principal lazer de Barros

Diário - Quando foi convidado para ser presidente da Associação de Veículos Antigos de Santa Maria (Avasm)?
Barros - Em 2010, quando cheguei em Santa Maria com a família, já era conhecido nessa área, visto que, por 8 anos, fui presidente do Clube de Carros Antigos de Bagé. Como era comum que os integrantes dos clubes das duas cidades interagissem, eu já tinha contatos na Região Central. No final de 2012, amigos e colegas insistiram muito para que eu fosse presidente da Avasm, função que assumi até 2014.

Diário - Por que o senhor escolheu Santa Maria?
Barros - Morar na Cidade Universitária é uma vontade muito antiga, principalmente pela oportunidade de estar no centro do Estado e ter melhores condições de dar estudo aos filhos. Entre as minhas prioridades, estava a alegria de vê-los no Colégio Militar, que, para mim, é um dos melhores sistemas de ensino que o país oferece. Santa Maria sempre me agradou. É uma cidade nem muito grande, nem muito pequena. Quando cheguei ao município, a criminalidade não era de assustar. Além disso, sempre quis morar em Camobi, bairro pelo qual minha esposa, meus filhos e eu somos apaixonados. Com certeza, é a melhor região da cidade.

Diário - E quanto ao futuro? O que vem pela frente?
Barros - Felizmente, minha esposa e eu temos um ótimo casamento. São quase três décadas de casados e quase 34 anos juntos. Diante disso, nossa perspectiva quanto ao futuro é a melhor. Acredito que só temos a melhorar. Somos apaixonados pela vida e um pelo outro. A família é a minha grande riqueza, meu patrimônio. Desejamos, também, que nossos filhos se formem, tenham êxito nas profissões que escolheram e que, de preferência, não saiam de Santa Maria. Meu sonho é tê-los por perto. Assim, nossos netos poderão crescer a nossa volta, o que seria a minha realização.


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