com a palavra

Ex-roupeiro do Riograndense, Mário Fernandes fala sobre a paixão pelo clube e sua vida

Gilson Alves, Especial

Foto: Arquivo pessoal
Mário Fernandes no Estádio dos Eucaliptos, quando era roupeiro do Riograndense

Mário Augusto Fernandes, 54 anos, é santa-mariense, nascido e criado no Bairro Itararé, onde morou praticamente toda sua vida. Casado, há 29 anos, com Carla Simone da Silva Fernandes, é pai de Daiani da Silva Fernandes Lamach, 22, e Vinícius Augusto Menezes Fernandes, 19. Trabalha como pintor predial e tem a maioria da clientela no bairro onde reside. Atua também na jardinagem e construção. Foi cobrador de ônibus e zelador. É filho de Alcinda Menezes de Oliveira, confeiteira aposentada, que criou, sozinha, ele e outros sete filhos.

Uma das paixões da vida de Mário é o Riograndense e ele doutrinou os dois filhos para o mesmo caminho, assim, o Estádio dos Eucaliptos é uma espécie de segunda casa da família. Foi maqueiro e roupeiro do clube. Sofreu muito quando o Periquito fechou as portas, em 2017, e está feliz pelo provável retorno ao futebol profissional, já que pode trabalhar novamente no esmeraldino. Calmo, de fala mansa, conhece bastante gente e é bem quisto. Não tem um emprego fixo, mas a agenda está sempre lotada. De segunda a segunda, há alguém contratando os serviços de Mário Fernandes, ou no Itararé, ou em outra localidade de Santa Maria.

Diário - Como se deram os primeiros passos profissionais do Mário Fernandes?
Mário Fernandes - Fiz parte das categorias de base do Riograndense no início dos anos 1980, até ingressar no quartel, onde não me liberaram para seguir jogando. Trabalhei em empresas de ônibus e conheci a pintura predial, que exerço até hoje. Meus irmãos mais velhos eram pintores. Na adolescência, já os acompanhava para auxiliar, alcançar as coisas, e acabei me tornando um pintor. Atualmente, estou cheio de serviços e adoro trabalhar com isso.

Foto: Arquivo pessoal
Mário, à direita, ao lado dos filhos Daiani e Vinícius e da esposa Carla

Diário - Por que a preferência pelo trabalho autônomo?
Mário - Eu nunca digo não para uma pessoa. Vejo o que posso fazer e não recuso nenhum serviço. Quebro sempre o galho para um amigo. Ajudo sempre quem já me ajudou. E para poder seguir assim é bom eu mesmo organizar meus horários para pedir uma dispensa, se um amigo precisar de uma ajuda na manutenção de sua casa, construção, pátio. Sempre gostei de trabalhar sozinho, por conta. Nunca procurei uma empresa que indique pintores. Vou eu mesmo, no boca a boca, e, graças a Deus, sempre tenho serviço.

Diário - Foi pintor toda a vida? Fale sobre outras atividades em que atuou.
Mário - Além de pintor e de trabalhar de maqueiro e roupeiro no Riograndense, já trabalhei com outras coisas. Na metade dos anos 1980, fui cobrador em empresas de ônibus. Poderia ter continuado, mas, hoje não estou em ônibus porque descobri a profissão de pintor e estou seguidamente com a agenda cheia. Cheguei a pintar, também, em cidades como Porto União (PR), Restinga Sêca e Porto Alegre. Também fui zelador de um prédio, na rua Venâncio Aires, lá morei um ano, mas voltei para o Itararé.

Fotógrafo Fernando Ramos fala sobre suas paixões

Diário - Qual sua ligação com o Bairro Itararé?
Mário - Eu nasci aqui, na mesma casa onde ainda moro. Não consigo sair do bairro, se não, fico doente. Cheguei a me mudar daqui, mas não durei em outro lugar porque meus amigos estão aqui. O Itararé é o meu bairro e eu não me mudo mais de jeito nenhum. Pela questão profissional é bom também. Há sempre alguém me chamando para uma pintura, jardinagem, limpar um prédio ou calçada. Fazendo o que eu gosto, ganho meu dinheiro honestamente e próximo de onde está a maioria dos meus amigos.

Diário - O que é o Riograndense para você?
Mário - Quando eu jogava, era só para tentar ser jogador. Ia lá, treinava e voltava. Depois, comecei a trabalhar com pinturas no estádio. Passava dias, semanas, ajeitando os Eucaliptos. Criaram confiança em mim e, mais adiante, me chamaram para auxiliar na maca. Com o tempo, passei para a rouparia. Fiquei dois anos nesse cargo. Agora, que o Riograndense pode voltar ao futebol, recebi o contato e estão contando comigo. Faço serviços gerais também, porque lá, o que você fizer, está bem feito já que está dando uma mão para o clube. Já recebi delegações quando ninguém da diretoria estava por perto. As chaves ficavam comigo, em função da confiança, eu era o faz tudo. Tenho ligação familiar com o Periquito, pois, desde os primórdios, os familiares antigos comentavam que assistiam aos jogos do Riograndense.

Diário - O que você procurou passar para os filhos em termos de valores?

Mário - Tentei passar para eles o que eu sou hoje. Educado, calmo, boa gente. Tenho um bom relacionamento com todo mundo. Graças a Deus, todos gostam de mim. Tempos atrás, ouvi do meu filho: "Pô, até a polícia te conhece e te cumprimenta". Respondi: "Viu só. Que bom. Faz tudo corretamente, não briga com ninguém, que as pessoas irão te tratar assim".                                                                                                                                                      

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