Uma pesquisa feita pelo tenente-coronel Erivelto Hernandes Rodrigues, comandante do 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon) da Brigada Militar, investigou o perfil das vítimas de homicídio em Santa Maria, no primeiro semestre deste ano. Dos 32 casos registrados no primeiro semestre, 30 vítimas tinham registros de ocorrência na Brigada Militar e 19 eram egressas do sistema prisional. A motivação para 14 desses 32 homicídios está relacionada com o tráfico de drogas, 10 foram originados por rixas ou brigas, quatro são resultado de latrocínios, um deles teve como origem briga familiar e três casos não tiveram a origem identificada.
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Em 26 crimes, foram usadas armas de fogo, e, em cinco, arma branca. Quanto aos locais, 56% dos assassinatos aconteceram em via pública e 31% em residências.
De acordo com o tenente-coronel Hernandes, a maioria dos homicídios que ocorreram depois da pesquisa segue a característica dos casos do primeiro semestre.
– A grande maioria das vítimas já tem registros policiais contra si e uma grande parte tem ocorrências por consumo e tráfico de drogas, portanto, trata-se de pessoas que já estavam envolvidas na criminalidade. Claro que teria que fazer o estudo dos casos do segundo semestre, mas, até mesmo os dois últimos registros de homicídio, ocorridos na noite do último domingo, não fogem à regra – analisa Hernandes.
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O estudo, desenvolvido no curso de especialização em Políticas e Gestão em Segurança Pública, na Academia de Polícia Militar, em Porto Alegre, avaliou ainda crimes de roubos a pedestre; roubos a estabelecimentos comerciais; roubos a transporte público e roubos de veículo em Santa Maria e em outros cinco municípios. São eles: Viamão (253 mil habitantes), Alvorada (208 mil habitantes), Passo Fundo (198 mil habitantes), Gravataí (275 mil habitantes), Pelotas (344 mil habitante) e Santa Maria (278 mil habitantes). A pesquisa utilizou como fonte dados de ocorrências da Brigada Militar e da Polícia Civil registradas na Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul.
Panorama
De janeiro a junho deste ano, Santa Maria teve os menores índices de roubo a transportes públicos e roubo de veículos entre as seis cidades analisadas na pesquisa. Viamão faz a frente na lista de roubo a coletivos, com 1.801 casos, enquanto Santa Maria teve 26. Viamão também foi a cidade com mais registros de roubo a veículo, com 492 casos. Santa Maria teve 32 crimes do tipo.
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Nos rankings de homicídios e de roubos a pedestre, Santa Maria ocupa a quinta posição entre as seis cidades, com 32 homicídios. Já os números de roubos a estabelecimentos comerciais foram menores em Alvorada e Viamão. Foram 80 ocorrências em Alvorada e 83 em Viamão. Santa Maria ocupa a quarta posição na lista, com 104 ocorrências do tipo.
O comandante do 1º RPMon diz que a Brigada deve continuar desenvolvendo ações estratégicas com base nos índices criminais atualizados, liberados pelo sistema integrado do Programa Avante:
– Em cima deles (os dados), nós prevemos o policiamento. Onde estão os delitos, a polícia vai estar.
Prevenção à criminalidade
O especialista em segurança pública Eduardo Pazinato diz que a pesquisa oportuniza uma reflexão importante quanto às motivações para os homicídios, já que a maioria dos conflitos está ligada aos mercados ilegais de drogas ou razões passionais, como brigas e desavenças:
– Esse elemento é importante para balizar a implementação de políticas públicas de segurança mais amplas para enfrentar essa problemática. Ou seja, não basta o "discurso" e a prática tradicional de que todos os homicídios decorrem das disputas pelo tráfico de drogas. A tônica deve envolver projetos e ações combinadas, integradas e integrais – da maior integração da investigação criminal com o sistema de justiça penal, passando pela criação de políticas preventivas, como a diminuição do abandono e da evasão escolar, chegando ao monitoramento e à avaliação permanente e continuada das operações e ações policiais, de fiscalização administrativa e regulação do espaço urbano e, sobretudo, dos projetos e ações de prevenção primária (família e escola), secundária (segmentos sociais mais vulneráveis e vitimizados como jovens e mulheres) e terciária (egressos das prisões e do sistema de medidas socioeducativas).