Erasmo Carlos, destaque da Jovem Guarda, morre aos 81 anos

Mirella Joels

Erasmo Carlos, destaque da Jovem Guarda, morre aos 81 anos
Foto: Guto Costa/Reprodução

Nesta terça-feira, 22 de novembro, o cantor e compositor Erasmo Carlos, também conhecido como Tremendão, morreu no Rio de Janeiro. Ele já havia sido internado em um hospital por nove dias com um quadro de edema. A causa da morte ainda não foi divulgada.

Erasmo Esteves, conhecido artisticamente como Erasmo Carlos, foi cantor, compositor, ator, músico, multi-instrumentista e escritor brasileiro. Um pioneiros do rock brasileiro, fez diversas parcerias musicais com o cantor e compositor Roberto Carlos nos anos 60. Erasmo também conhecia Sebastião Rodrigues Maia, mais conhecido como Tim Maia, desde a infância. Entretanto, a amizade entre eles só brotou na adolescência por conta do gosto pelo rock and roll.

Cantor consagrado na Jovem Guarda, com hits influenciados pelo pop britânico, o Tremendão atravessou gerações com seu peculiar rock and roll cantado em português e continuaaestrelar grandes parcerias da MPB. 

Junto com Wanderléa e Roberto, Erasmo foi um dos principais representantes da Jovem Guarda, movimento musical e cultural dos anos 60 e 70. Com mais de 50 anos de carreira, gravou sucessos como “Minha Fama de Mau”, “Sentado à beira do Caminho”, “Gatinha Manhosa” e “Festa de Arromba”.

Influenciado pelo pop britânico, o Tremendão encantou diversas gerações com o rock’n roll cantado em português. Inclusive, na última quinta-feira (17), ele ganhou o prêmio da categoria “Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa” no Grammy Latino com o álbum “O Futuro Pertence À…jovem Guarda”, que foi lançado em fevereiro deste ano pela Som Livre. Erasmo Carlos já havia levado um Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Rock Brasileiro com o disco “Gigante Gentil” em 2014.

Passagem por Santa Maria e legado

A última vez que Erasmo Carlos esteve em Santa Maria foi em 2017, para realizar o show “Erasmo Carlos & Quarteto Fantástico” no Avenida Tênis Clube (ATC).

Quem propôs a ideia de trazer um show de Erasmo Carlos para Santa Maria foi José Romenito Nunes, 36 anos, publicitário e produtor audiovisual. De acordo com ele, a motivação foi o centenário do ATC, uma data marcante que merecia um show a altura. Quando o ícone da Jovem Guarda chegou em Santa Maria, José Romenito ficou responsável por dar carona a Erasmo Carlos antes e depois do show. Os minutos de interação marcaram a memória do publicitário:– Ele começou conversando sobre um crime que viu no noticário. É um cara muito tranquilo, simples, receptivo com todo mundo. Ele tem a presença de ter sido um ídolo do rock. Ele se preocupava com o público, com o preço dos ingressos, queria que fosse acessível. E gostava muito de pizza também. Após o show, pegamos uma pizza para ele comer no quarto – comenta.

Para Romenito, além do legado musical que Erasmo deixou, a simplicidade e fé na coletividade são outros dois pontos fortes da personalidade do artista.

A cantora e produtora cultural Oristela Alves, lembra de cantar músicas do Erasmo Carlos na infância e adolescência. Em Uruguaiana, ela ia aos programas de rádio e se apresentava com músicas da Jovem Guarda.– O Erasmo Carlos escreveu diversas canções com o Roberto Carlos, inclusive muitas das músicas que o Roberto cantou eram do Erasmo. Ele vai seguir eternizado na voz de vários artistas. O mundo todo lamenta – comenta Oristela Alves.

Entrevista ao Diário em 2017

Em 2017, a repórter Pâmela Rubin Matge, do Diário de Santa Maria, entrevistou Erasmo Carlos. Na conversa, falaram sobre o show que ele veio fazer em Santa Maria, rock’n roll, amor e outras áreas artísticas.

Diário – O show Erasmo Carlos & Quarteto Fantástico revisitará clássicos, mas, ao mesmo tempo, promete ser um show exclusivo. Como escolher algumas músicas em uma discografia tão vasta? O que não pode faltar? 

Erasmo– Olha, meu bem, basicamente vem da turnê baseada no show Gigante Gentil. A gente tem vários tipos de shows. Para cidade que você nunca vai, as pessoas têm saudade dos sucessos. Esse (no ATC) terá parte da Jovem Guarda, parte que serão os anos 70 e 80 e, logicamente, novidades. Sentado à Beira do Caminho e Mulher não podem faltar. 

Diário – É comum vê-lo usando couro e jeans. É uma das formas de manter vivas a irreverência e a atitude rock and roll?

Erasmo – A roupa que eu gosto e adotei para mim é o jeans, nem tenho outra calça. Também não tenho um par de sapato. Só tenho tênis e sapatênis. Uso pulseiras, pequenas coisas bobas que considero irreverência para minha faixa etária. E faço vários tipos de música, mas o rock and roll me adotou. Eu me considero, no fundo, um compositor. Faço vários tipos de música. 

Diário – E mesmo no rock and roll, há muita poesia e músicas que falam de amor.

Erasmo – O amor sempre é preciso. Sou um cara otimista e o que move a humanidade é amor. 

Diário – Você está sempre reinventado e transita no cinema, nos livros e na música. Esses processos de criação se dão em separado? 

Erasmo – Uma coisa leva a outra. Quando não estou fazendo show, tenho de fazer alguma outra coisa, aí, eu componho. Quando não componho, faço cinema ou vou escrever. O problema é ficar parado. A vida e a curiosidade sobre o novo me movem muito. O amor é o que me motiva, e acabo extravasando na minha arte. Parado, sem fazer nada, você nunca vai se encontrar. 

Diário – A propósito, você participa do filme Paraíso Perdido, de Monique Gardemberg, e já vem outro aí, não é? 

Erasmo – Há muito tempo, não fazia filmes. Ganhei a Coruja de Ouro, como ator coadjuvante com Os Machões (1972). Acho que é uma forma de brincar de mocinho e bandido, uma brincadeira séria. Estou na expectativa de ver Minha Fama de Mau, que estreia ainda este ano. Escrevi o livro e estou curioso para ver minha vida na tela (o filme tem direção de Lui Farias). 

Diário –Você é um influenciador de gerações. E quem o influencia?Erasmo – Ouço tudo, na medida do possível. Não dá nem para guardar nada. Nem decoro, não dá mais tempo de se fixar. 

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