Defesa Civil retorna à Rua Canário com termo de ciência de interdição do local, mas moradores se recusam a assinar o documento

Maria Júlia Corrêa, Mateus Ferreira e Rafael Menezes

Defesa Civil retorna à Rua Canário com termo de ciência de interdição do local, mas moradores se recusam a assinar o documento

Foto: Rafael Menezes

Na tarde desta terça-feira (7), a Defesa Civil de Santa Maria, junto com a Brigada Militar, a Polícia Civil e a Guarda Municipal, retornou à Rua Canário, no Bairro Itararé, com um termo de ciência de interdição total da rua e dos arredores. O superintendente da Defesa Civil, Adão Lemos, informou que essa área corre risco de desmoronamento e causou revolta dos moradores, que estão resistentes a saírem do local e não quiserem assinar o termo.


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O documento serve como uma formalização dessa interdição, com a notificação de cada morador sobre os riscos do local. É necessária, porém não obrigatória, a assinatura desse termo. Ele funciona como um documento para dar ciência aos moradores de que a área é considerada de risco.



Após a tragédia que vitimou duas pessoas da mesma família no dia 1º de maio, com um deslizamento no Morro do Cechella, o local foi interditado e os moradores precisaram sair de suas residências. De forma dispersa, alguns estão em abrigos nas proximidades, enquanto outros foram para a casa de parentes. Mas a maioria deseja retornar para suas casas, especialmente na Rua Canário.



Ao depararem com o termo de interdição, os moradores afirmaram que não vão assinar e se recusam a deixar suas casas para trás. Eles alegam que as valetas abertas no alto do morro influenciaram no percurso da água da chuva, que foi modificado, e isso teria causado o deslizamento de terra no dia 1º de maio.


Neste momento, é possível entrar na área interditada, mediante identificação, para pegar algo em casa. Contudo, os moradores devem sair, sem dormir na residência. Somente uma parte da Rua Canários possui energia elétrica neste momento.


Foto: Rafael Menezes


Em resposta à reportagem, Adão Lemos explicou que os moradores podem entrar nas casas e retirarem seus pertences. No entanto, algumas pessoas voltaram para as residências usando outras ruas de acesso, o que dificulta a fiscalização.


– Orientamos que as pessoas saiam daqui. Não vamos usar a força policial ou obrigar a evacuação, usaremos o bom senso, mas com a notificação, reforço que as pessoas estão cientes da situação – alerta o superintendente da Defesa Civil. 


Lemos também reforça que o local corre risco de soterramento e que o laudo da análise realizada na segunda-feira (6) não está concluído. 


– O que sei até o momento é que a situação piorou. Com a previsão do tempo, que marca chuva e ventos fortes a partir desta quarta (8), a chance de desmoronamento é muito grande – finaliza.


Risco de deslizamentos ainda existe

Em participação nesta terça-feira no programa Sala de Debate, na TV Diário, a geóloga Andréa Valli Nummer, que é professora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), disse que ainda há risco de novos deslizamentos no Morro do Cechella. O solo foi aberto, provocando uma espécie de corredor, por onde a água deverá descer no caso de novas chuvas. 


Na tarde de segunda-feira, Andréa integrou o grupo de especialistas que fez a perícia técnica no Morro do Cechella. A geóloga informou que há fissuras no solo, por onde a água irá infiltrar. Uma nova chuva volumosa pode aumentar os riscos. 


- Aquele local não tem mais vegetação. Então, com a chuva, a preocupação não é com com está ali agora, mas com quem está no degrau de baixo - disse, referindo-se às casas que fica no pé do morro, incluindo a Rua Canário. 


Andréa contou que há outros morros de Santa Maria onde há "escorregamentos", ou seja, movimentações do solo. Entre eles, está a Vila Nossa Senhora Aparecida, conhecida como Vila Churupa, o Parque dos Morros e a Estrada do Perau. 


A geóloga explicou que os ocupantes de áreas de risco foram cortando os morros para dar lugar a mais casas. O material do solo retirado é lançado para áreas mais baixas, junto com lixo e galhos de árvores, sem qualquer critério técnico, formando novos aterros. Mas aí está o perigo. 


– Se esse aterro for controlado, feito de forma correta, pensando na engenharia, terá todo um método construtivo e não irá escorregar. São os acostamentos nas estradas, por exemplo. Mas naquelas locais mais vulneráveis, não. Fica junto com lixo, galhos de árvores, e isso dá uma instabilização e que tem o risco de escorregar – informou Andréa Nummer.     


*Em atualização.


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