Morro do Cechella passa por avaliação técnica e apresenta risco de novos deslizamentos

Maria Júlia Corrêa e Rafael Menezes

Morro do Cechella passa por avaliação técnica e apresenta risco de novos deslizamentos

Foto: João Vilnei (prefeitura de Santa Maria)

Após um grave deslizamento no Morro do Cechella, em Santa Maria, que causou a morte de duas pessoas da mesma família na última quarta-feira (1º), os moradores da redondeza precisaram evacuar suas casas devido ao risco de novos deslizamentos. Crateras foram abertas pela chuva no topo do morro. Na manhã ensolarada desta segunda (6), uma análise topográfica foi feita no local, para avaliar a possibilidade de riscos e segurança no terreno do Bairro Itararé.


A Polícia Civil também solicitou uma análise ao Instituto Geral de Perícias (IGP) para estudar a situação das crateras que estão abertas no local. Somente após esses estudos, os moradores saberão se poderão ou não retornar para suas casas.



Nessa vistoria, estiveram representantes da Brigada Militar, da Polícia Civil, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, da Defesa Civil e da Secretaria de Projetos e Captação de Recursos, além de geólogos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Eles percorreram alguns trechos do local, principalmente a Rua Canários, e também analisaram o alto do morro. 

Os moradores, que ainda não receberam autorização para retornarem para suas casas, alegam que valetas abertas no local teriam sido feitas intencionalmente. Porém, somente o resultado da perícia terá a resposta para esse questionamento, além de insumos para analisar se esse local é considerado de risco ou não.


A reportagem esteve na Rua Canários ao longo desta segunda-feira (6) e, além de acompanhar a vistoria, também andou pelas ruas, conversou com moradores e analisou o que sobrou após a chuva histórica que atingiu Santa Maria nos últimos dias. Confira:



Casas abandonadas, imóveis vazios, lamas, móveis, carros soterrados e destruídos, além de animais que ficaram para trás. Esse é o cenário do que restou da Rua Canários. Só uma parte da via tem energia elétrica. Os moradores afirmam que desejam voltar para suas casas, mas estão insatisfeitos com a resposta negativa da prefeitura de Santa Maria. Marconi Fillipin, 36 anos, morador do local há mais de duas décadas, faz três reivindicações:


– Nossa primeira reivindicação é que a luz seja reestabelecida totalmente. A segunda é a liberação dos moradores para entrarem em suas casas, e a terceira é que eles possam retornar as suas residências, para avaliar o que sobrou. Queremos entrar nas nossas casas.


Questionado sobre o retorno dos órgãos públicos aos pedidos, Fellipini afirmou que "o local não existe para o poder público".


– Somos ignorados, não existimos para eles (prefeitura e demais órgãos públicos). O morro não vai cair. Aqui também tem estabelecimentos, mercados, bar e todo mundo está no prejuízo. Tem famílias em abrigo, dependendo de parente, de doação... é um momento muito difícil. Queremos normalidade, estamos abandonados aqui - desabafou o morador.


Foto: Rafael Menezes


Enquanto não possuem previsão de retorno para seus lares, os moradores estão morando nas casas de parentes e em abrigos. Eles garantem que estão "cientes da possibilidade de risco do local e que estariam dispostos a saírem de suas casas em caso de uma nova chuva intensa, pois não desejam arriscar suas vidas".


A prefeitura de Santa Maria divulgou que "a vistoria teve como objetivo averiguar a existência de risco de novos deslizamentos. Para isso, foi feita uma análise do trecho onde aconteceu o deslizamento, bem como a coleta de imagens com o uso de drone oficial e uma incursão por baixo da pista e também acima dela, onde o acesso foi possível com segurança. Todos os".


Outros locais de Santa Maria estão na mira da Defesa Civil


Em entrevista para a Rádio CDN na tarde desta segunda, o coordenador da Defesa Civil de Santa Maria, Adão Lemos, disse que somente após os estudos será possível ter respostas para o que ocorreu no dia 1º de maio no Morro do Cechella, além de traçar um planejamento do que pode ser feito no local. Ele acredita que entre terça (7) e quarta (8) será possível ter uma "prévia" dessa análise.



Questionado sobre a reivindicação dos moradores da Rua Canário, sobre as aberturas das crateras pelo morro, o superintendente relata que o "poder público não se exime de sua responsabilidade e que abrigos foram criados para dar suporte à comunidade". Atualmente, 112 pessoas estão nesses abrigos.


– Neste momento, estamos aguardando os relatórios sobre o que podemos e devemos fazer a partir disso. Ainda não temos informação sobre a questão de água, se foi algo natural ou intencional. O que sabemos é que o Morro Cechella funciona como um "colchão de água" que absorve toda a água da chuva, ainda mais em uma situção como essa – explica.



Além do Morro do Cechella, que neste momento possui atenção total, outros locais também estão no radar da Defesa Civil: a Vila Bilibio, que tem dois locais de deslizamento, o Bairro Campestre do Menino Deus, com deslizamento de terra e queda de árvores, além da Estrada do Perau, que funciona como um importante acesso secundário para a BR-158 e Itaara.


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