Um problema que começa cedo

Crimes entre adolescentes e jovens, como o tiroteio na Saturnino de Brito, são cada vez mais comuns

Marilice Daronco

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"Não chega nem a mirar, atira em todo mundo. Devia ter matado esse inseto. Tá até de graça no mundo. Vamos pegar esses ratos."

Essa é apenas uma das muitas mensagens de "apoio" de amigos que o adolescente baleado na Praça Saturnino de Brito, na madrugada da última quarta-feira, recebeu em suas redes sociais. Boa parte delas, como essa, promete vingança. O caso trouxe à tona uma situação que tem se agravado em Santa Maria: as rixas entre gangues de adolescentes. Qual a certeza de que um novo tiroteio não vai acontecer? Nenhuma. 

A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) não faz um levantamento estatístico. Porém, a titular da delegacia, Carla Dolores Castro de Almeida, que acompanha diariamente as ocorrências, garante que aumentou muito o número de adolescentes em situação de vulnerabilidade por integrarem gangues que têm rivalidade. Entre os casos em destaque,trocas de tiros no Parque Itaimbé, o assassinato de Gabriel dos Santos Lima, 21 anos, em frente ao Ginásio Guarany-Atlântico, no bairro Salgado Filho, em fevereiro, e a troca de tiros que resultou em duas pessoas feridas na Praça Saturnino de Brito.

De acordo com Carla, houve um crescimento significativo do número de adolescentes envolvidos com tráfico e homicídios e apreendidos com armas de fogo.

_ A vida está muito banalizada. Isso, aliado à sensação de impunidade, está causando uma inversão. Quanto mais marginal, quanto mais à margem, mais respeito o adolescente tem do grupo _ afirma a delegada.

A motivação dos crimes assusta até as autoridades que estão acostumadas com a criminalidade. No caso do assassinato de Lima, a rixa teria começado porque o jovem atirou uma pequena pedra em um adolescente há algum tempo. No caso da tentativa de homicídio de quarta-feira, a disputa foi por uma menina.

_ Tudo começou com uma briga por causa de uma guria. Fui dar tchau para ela aquele dia, quando vi, senti uma dor no braço e empurrei ela. Comecei a correr e levei os outros tiros. O namorado dela é um preso e mandou os dele atirarem em mim. Ela sempre se atirava para mim, vinha me abraçar, e ele ficava de cara _ conta o adolescente baleado na Saturnino de Brito.

Eles querem ostentar

Em busca de reconhecimento, adolescentes de Santa Maria ostentam nas redes sociais fotos com drogas e armas. Como eles conseguem as armas?

_ Sabemos que, geralmente, um empresta a arma para o outro. Mas, quando os questionamos sobre as fotos no Facebook, por mais que tenhamos experiência para dizer que são armas de verdade, eles dizem que são de brinquedo, e só conseguimos provar que não são se elas tiverem sido apreendidas _ afirmou a delegada Carla.

Um dos suspeitos do tiroteio na Saturnino de Brito, por exemplo, exibia nas redes sociais fotos com armas. O adolescente vítima dos disparos também tem em seu Facebook fotos com projéteis e facões. Ele conhece bem os tipos de arma, tanto que garante que foram usados contra ele dois revólveres calibre 22. 

_ Dizem que não sabem quantas armas foram, mas cada 22 só tem sete tiros, e foram pelo menos oito disparos. Então, foram duas _ explicou ele.

No dia do tiroteio na praça, o adolescente carregava uma"

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